COP26: Moisés propõe que estados europeus contribuam com recuperação de passivo ambiental

Moisés pede apoio do parlamento europeu afirmando que empresas britânicas se beneficiaram da exploração do carvão em SC e agora devem contribuir com a transição energética

Na Escócia, Carlos Moisés cobra colaboração europeia para recuperar passivo ambiental da exploração carbonífera Fotos: Peterson Paul/Secom
Governador cobra colaboração europeia para recuperar passivo ambiental da exploração carbonífera - Peterson Paul/Secom SC/Divulgação/CSC

O governador, Carlos Moisés, sugeriu na conferência do Clima COP26, que ocorre em Glasgow, na Escócia, que Santa Catarina, dependente ainda do carvão, deve ter a colaboração de nações mais ricas para enfrentar mudanças efetivas de modo a se reduzir emissões de gases do efeito estufa e recuperar áreas degradadas.

No painel “Governadores Pelo Clima” nesta terça-feira (9/11), Moisés propôs que os estados europeus contribuam com soluções para reduzir o passivo ambiental das atividades carboníferas no Sul do Estado, ao lembrar que foram empresas britânicas que iniciaram a exploração do material há mais de 100 anos.

“É muito importante dividir com os países desenvolvidos a responsabilidade de se recuperar áreas degradadas em todo o mundo, especialmente em Santa Catarina. Nós podemos dizer que são mais de 100 anos de exploração, iniciada por companhias britânicas. Elas construíram inclusive a ferrovia (Tereza Cristina) para iniciar esse processo. Depois os governos locais foram tocando essas atividades. O compromisso de reduzir a emissão de gases também envolve a recuperação de áreas degradadas, sob pena de deixar para os governos locais a única responsabilidade de um passivo ambiental que foi gerado por países que tiveram a sua economia baseada nessa matriz energética”, destacou Moisés.

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O posicionamento do governador está no contexto da dependência que Santa Catarina tem em relação ao carvão. Recentemente, quando houve a mera menção de que o complexo termoelétrico de Jorge Lacerda pudesse fechar, houve grande reação do setor carbonífero no sul do estado de modo a se evitar a perda de 20 mil empregos e o que resultou no programa de “transição energética justa”, que prevê o fechamento da usina a carvão somente em 2050.

Porém, países desenvolvidos aumentam a pressão pelo banimento das usinas a carvão do planeta, o que o governo de SC considera inviável agora, tanto pela perda de empregos, quanto pela ausência dessa fonte de energia. Com isso, Moisés pede apoio do parlamento europeu em busca de soluções para essa transição energética. O apoio sugerido pelo governador catarinense, ainda que não citado explicitamente, seria financeiro ou em forma de execução de algum projeto de transição de empregos de fontes poluidoras para renováveis.

Nesta quarta-feira, o governador deve se reunir com representantes da União Europeia. A comitiva de Santa Catarina em Glasgow tem também o secretário executivo de Assuntos Internacionais, Fernando Raupp, e o deputado estadual Fabiano da Luz, representando a Assembleia Legislativa (Alesc).

Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br

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