O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) iniciou em janeiro passado as atividades de campo para o mapeamento das áreas de risco do Estado de Santa Catarina. No total, 80 pesquisadores da CPRM estão envolvidos no projeto, que deve durar 18 meses. O trabalho resultará no diagnóstico completo do Estado, tanto na identificação das áreas de risco, como nas áreas suscetíveis a movimentos gravitacionais de massa e inundação. O trabalho tem caráter inédito. Pela primeira vez no Brasil será aplicada a metodologia de análise de Perigo e Risco, desenvolvida em cooperação com o governo japonês (Projeto GIDES) em cinco municípios-pilotos.
Em recente reunião na ONU, o secretário estadual de Defesa Civil, Rodrigo Moratelli, lembrou que os catarinenses têm a maior perda per capita do Brasil em razão dos desastres naturais e busca soluções práticas capazes de criar uma política que torne Santa Catarina um Estado resiliente nas questões climáticas.
Celebrado entre o Governo do Estado de SC, por meio do Fundo Estadual de Proteção de Defesa Civil (FUNPDEC) e a CPRM, o convênio tem o valor total de R$ 4.712.596,00 e possui quatro metas. A primeira corresponde a identificação dos setores de Risco Alto e Muito Alto para movimentos gravitacionais de massa e inundação. A segunda, refere-se a cartas de suscetibilidade, a terceira ao mapeamento de Perigo e Risco baseado na metodologia desenvolvida no Projeto GIDES. A quarta meta envolve a modelagem de suscetibilidade.
OCUPAÇÃO IRREGULAR
De acordo com a chefe da Divisão de Geologia Aplicada do Departamento de Gestão Territorial (DEGET) da CPRM, Sandra Fernandes da Silva, o objetivo do mapeamento é criar uma base de dados com informações precisas para prevenção de desastres. “Santa Catarina será o primeiro estado Brasileiro com diagnóstico completo sobre as áreas suscetíveis a desastres naturais, como deslizamentos, quedas de blocos e inundações e das áreas de Risco Alto e Muito Alto”, relata.
Sandra destaca ainda que a identificação dos riscos geológicos e hidrológicos,especialmente em áreas habitadas, permitirá a ação preventiva, que pode ocorrer por meio da incorporação das informações nos planos diretores evitando ocupações irregulares, bem como a possibilidade, em áreas de risco já habitadas, de emitir alertas mais precisos.


SETORIZAÇÃO DE RISCO
Uma das metas estabelecidas pelo convênio é o mapeamento de áreas de risco geológico alto e muito alto em 185 municípios do Estado de Santa Catarina, em escala de detalhe. O trabalho será dividido em três etapas. A primeira consiste no levantamento de dados geológicos-geotécnicos do município, como histórico de ocorrência de desastres naturais. Na segunda etapa serão realizadas atividades de campo em regiões habitadas, com o objetivo de identificar, caracterizar e delimitar as áreas submetidas a risco geológico associado a processos de movimentos de terra, erosões e inundações. Os produtos finais representam a terceira etapa, com pranchas descritivas mapeadas com os setores de risco.
CARTAS DE SUSCETIBILIDADE
Outra meta do convênio são as Cartas de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e eventos de natureza hidrológica. Esta carta representa o modelo matemático que traduz as características de maior ou menor potencialidade do meio físico frente aos principais processos naturais. A précarta de suscetibilidade será modelada para 238 municípios e Santa Catarina, a qual após a avaliação dos técnicos em campo passa constituir a carta final de suscetibilidade, que estará disponível para 40 municípios.
METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO
A terceira meta do projeto se refere a produção de cinco cartas de Perigo e Risco empregando os métodos de avaliação do Manual de Mapeamento do Projeto GIDES, desenvolvido em parceria com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). Trata-se de uma metodologia inédita no país, que vai contribuir para o ordenamento territorial dos municípios. Os produtos finais correspondem a cartas de Perigo e Risco na escala 1:2.000. A modelagem para a identificação das áreas de perigo está sendo validada e calibrada nos municípios pilotos.


MENSAGENS DE ALERTA
Desde outubro do ano passado a Defesa Civil de SC oferece o serviço de alerta meteorológico por SMS. As mensagens informam sobre condições climáticas adversas quando um evento meteorológico ou hidrológico está acontecendo, é eminente ou provável, e significam que as condições do tempo configuram uma ameaça a vida ou propriedade. As pessoas no caminho de tempestades, por exemplo, precisam tomar ações de preparação e/ou proteção. Até agora, o balanço da Defesa Civil indica um resultado positivo com o serviço, que passa constantemente por ajustes. Atualmente na casa de meio milhão de aparelhos cadastrados, o objetivo é chegar ao dobro até o final do ano. Para receber notificações de emergência basta enviar um SMS com o CEP que deseja ser monitorado para 40199.
Em 13 e 14 de março, será realizado, em Florianópolis, o 2º Seminário Internacional de Proteção e Defesa Civil, com foco na importância das políticas públicas na redução de riscos e desastres. Para 15 de março, o secretário Moratelli prevê a inauguração do Centro Integrado de Gerenciamento de Riscos e Desastres, também na Capital.