338 mil pessoas passam fome em Santa Catarina, diz estudo

    Dados mostram quadro de insegurança alimentar perto de 900 mil habitantes - um dos menores índices do país

    Insegurança Alimentar no Brasil
    Insegurança Alimentar no Brasil: até 33 milhões passam fome - Foto: Ricardo Marques/Fotos Públicas/Divulgação/CSC

    Estudo Vigisan II avaliou o índice de insegurança alimentar no Brasil, chegando ao dado absoluto de 33 milhões pessoas que passam fome atualmente. E mesmo no estado onde há os melhores índices de acesso aos alimentos – Santa Catarina – há quase um milhão de pessoas que não têm o mínimo suficiente de comida.

    O estudo, conduzido pela Rede Penssan, mostra que em média há um patamar de apenas 41% de segurança alimentar em todo o país. Na faixa complementar, 59% divididos nos três níveis de insegurança alimentar (IA), seja leve, moderado ou grave – esse último a fome concreta.

    Em Santa Catarina esses níveis são um pouco melhores, mas ainda assim alarmantes. Segundo o estudo, feito com base em questionários aplicados em 506 residências, há um índice de segurança alimentar em SC de 59,4%, ou 4,3 milhões de pessoas que não passam pelo problema da falta de alimentos em casa.

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    Já os três níveis de IA nos lares catarinenses são de 28,5% na classificação leve, 7,6% moderada e 4,6% no nível mais grave – estimativa total de 12,2% de habitantes de SC que passam fome. Em números absolutos esses níveis indicam que essa soma é de 896 mil pessoas em SC sem comer o suficiente. A IA grave no estado é de 338 mil pessoas, avalia o estudo.

    Variação conforme a renda

    O estudo calculou também a relação entre a renda per capita de cada família e o acesso à comida. Os resultados indicam ainda que, em todos os estados, as famílias mais vulneráveis à insegurança alimentar moderada e grave são aquelas com renda inferior a meio salário-mínimo per capita, cujas pessoas de referência do núcleo familiar estão desempregadas ou em condição de trabalho precária, além de apresentarem baixa escolaridade e dívidas.

    Em SC, 11% das famílias que têm até meio salário-mínimo de renda per capita (ganhos mensais em torno de R$ 600 por pessoa) conseguem alimentar suficientemente toda a família, isto é, em segurança alimentar. O nível cresce para 35% quando a renda é entre meio e um salário-mínimo per capita.

    A análise também verificou a relação do recebimento de Auxílio Brasil por parte das famílias em relação à IA. Santa Catarina, estado com menor prevalência de IA na avaliação final (82,6%), é também o único onde a presença do Auxílio Brasil se associou à menor proporção de IA moderada + grave de forma significativa.

    O Vigisan II ( Inquérito Nacional da Insegurança Alimentar no Brasil no Contexto da Covid-19) teve dados coletados entre novembro de 2021 e abril de 2022 em 12.745 domicílios de todo o país.

    Opinião

    Os dados, ainda que estimados, mostram que há uma necessidade concreta e generalizada de se ampliar os serviços de restaurante popular em Santa Catarina, como o que existe em Florianópolis e tem alta demanda.

    Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br

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