Adélia Domingues completará 90 anos no dia 30 de julho. Para celebrar a data, tem um desejo especial: imprimir seu livro “Construída em Retalhos”.
A obra reúne memórias de uma vida marcada por luta, mudança e recomeços. Adélia, ex-aluna da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJA), concluiu o ensino fundamental recentemente. Por isso, sonha agora ver sua história impressa e compartilhada.
Para alcançar esse objetivo, ela conta com a ajuda da amiga e professora de teatro, Dóris Furini. Juntas, organizam uma pré-venda do livro, com o objetivo de arrecadar fundos para a impressão de 150 exemplares. Até o momento, 80 já estão reservados. Assim, quem quiser apoiar esse projeto pode entrar em contato pelo telefone (48) 98415-9607.
Uma vida de superação
Natural de Pinheiro Machado (RS), Adélia interrompeu os estudos aos 14 anos. Na época, precisou trabalhar na cozinha de uma fazenda. Com o tempo, as responsabilidades aumentaram e os estudos ficaram de lado.
Ela se mudou para Florianópolis em 1996, após ficar viúva e criar 11 filhos – nove deles vivos. Alguns anos depois, casou novamente. Entretanto, também perdeu o segundo marido.
Apesar de tudo, decidiu retomar os estudos. Recebeu apoio dos filhos e encontrou na EJA uma nova oportunidade. O incentivo maior, no entanto, veio do desejo de escrever suas memórias. Hoje, é diplomada pelo polo da EJA do NETI-UNAPI, na Universidade Federal de Santa Catarina.
Curiosamente, o gosto pelos estudos não é exclusividade dela. Sua irmã gêmea, Zélia, também foi alfabetizada pela EJA, em Porto Alegre. Juntas, elas mostram que nunca é tarde para aprender.
Rotina intensa e inspiradora
Mesmo com a idade avançada, Dona Adélia tem energia de sobra. Mora sozinha, participa de oficinas, estuda, atua no teatro e ainda expõe artesanato.
Durante a semana, a rotina é cheia. Às terças, quintas e sextas, frequenta as aulas da EJA. Nas quartas-feiras de manhã, ministra uma oficina de fuxico para os colegas que estão começando a se alfabetizar. Além disso, à tarde, oferece o mesmo curso para a comunidade.
Enquanto isso, também participa de aulas de teatro em três locais diferentes: o Instituto Federal de Santa Catarina, o NETI-UNAPI e a Escola Sul, em Ponta das Canas. Como se não bastasse, faz ginástica na UFSC e, aos domingos, mantém um estande de artesanato na feira da Lagoa da Conceição.
“É difícil alguém me achar em casa. Gosto de estar na rua, aprendendo e conhecendo gente nova”, diz ela, com orgulho.
Uma história que merece ser lida
Filha de Ana Joaquina e de Sotero Domingues – nascido em uma senzala –, Adélia carrega no nome e na trajetória a força de muitas gerações. Por isso, sua história emociona, inspira e merece ser lida.
Assim, quem quiser apoiar o sonho de Dona Adélia pode garantir o exemplar de “Construída em Retalhos” ainda na pré-venda. É mais do que um livro. É um retrato de resistência, coragem e esperança.
