Aterro sanitário de Biguaçu terá usina de biogás até final do ano

    Gás produzido a partir do lixo será convertido em energia elétrica

    vista aérea do aterro sanitário de biguaçu, com boa parte de terra exposta, lonas por cima e máquinas circulando; montanhas ao fundo
    Aterro sanitário de Biguaçu, da empresa Veolia, tem no mínimo mais 16 anos de vida útil na área atualmente em uso - Veolia/Divulgação/CSC
    RESÍDUOS SÓLIDOS

    O Correio de Santa Catarina publica três reportagens a respeito da questão de resíduos sólidos na Grande Florianópolis: a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a reciclagem e o aterro sanitário de Biguaçu.

    Atendendo 23 munícipios da Grande Florianópolis e região, o aterro sanitário da empresa Veolia, localizado em Biguaçu, às margens da BR 101, é o ponto final de boa parte dos rejeitos das cidades. Entre 1 mil e 1,1 mil toneladas de resíduos classe II A e B (na prática, aquilo que é jogado no lixo comum) chegam ao local todos os dias.

    A instalação não trabalha apenas com a estocagem, como explica o gerente William Sgobbi, mas também com serviços de reaproveitamento do que é encaminhado ao local, tanto por prefeituras, quanto por empresas. “Aqui apenas máquinas ‘tocam’ nos resíduos, não há atividade de separação. Então conseguimos dar bom encaminhamento aquilo que ainda pode ser reaproveitado quando é bem separado. Mas é um problema também de origem, as pessoas tem que separar corretamente o lixo”, diz Sgobbi.

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    Segundo o gerente, diversas normas internas da empresa são mais rígidas do que as leis, o que dá maior segurança ambiental ao aterro – por exemplo, as espessuras das camadas de terra das mantas que são colocadas sobre os resíduos.

    Os processos são fiscalizados pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), que aplicou a obrigatoriedade do MTR (manifesto de transporte de resíduos). O MTR é um documento online que coleta e compila dados sobre os resíduos gerados ou destinados no estado, permitindo a rastreabilidade dos mais diversos tipos produzidos por todas as atividades econômicas e o que cada gerador está encaminhando ao aterro. Sem esse documento, nenhum resíduo pode ser alocado em Biguaçu.

    Já a regulação dos aterros sanitários em SC fica à cargo da Aresc. O último relatório in loco de fiscalização em Biguaçu foi em 2014. Em breve, a Aresc pretende implementar rotinas automatizadas de fiscalização no aterro.

    Aproveitamento da energia

    A Veolia, empresa de origem francesa com 167 anos, detém quatro aterros sanitários no Brasil, dos quais dois são em Santa Catarina (Biguaçu e Blumenau). Entre dezenas de empreendimentos, é também dona da Águas de Palhoça e opera a coleta no município.

    A ordem da diretoria mundial é otimizar e modernizar todas essas plantas sanitárias. Isso significa um melhor reaproveitamento do solo e dos resíduos, fazendo com que o tempo de vida útil de cada aterro cresça. Em Biguaçu, o horizonte é de 16 anos, mas deverá ser ainda maior porque a empresa detém terrenos em volta que ainda não estão em uso.

    Como o chorume do aterro escorre pelas camadas de lixo compactado, a empresa tem a obrigatoriedade de tratar o resíduo líquido, que é feito em uma estação de alta tecnologia para retornar água limpa ao meio ambiente.

    O chorume também expele biogás, aquele produzido pela decomposição biológica da matéria, que atualmente é queimado. A Veolia decidiu que até o final do ano três aterros da companhia no Brasil devem ter uma usina elétrica a base desse gás, normalmente uma composição de metano e gás carbônico. “Ainda está em fase de projeto a planta geradora de energia elétrica, que deverá ter algo entre 1 e 3 MW. Até outubro ou novembro deve estar pronta”, revela Willian Sgobbi.

    Dados do aterro sanitário de Biguaçu

    O aterro sanitário de Biguaçu teve início de operação em 1992. Antes, o local era uma pedreira. Com o tempo – e a obrigatoriedade da PNRS em cessar os lixões em todo o Brasil – passou a ser o único ponto de destino final dos rejeitos de classe II (o “lixo comum”) da Grande Florianópolis. Atualmente há 74 trabalhadores, que se dividem em três turnos. A área é de aproximadamente 29 hectares.

    Além dos 23 municípios atendidos, há, no total, 1.123 clientes ativos que enviam os rejeitos para destinação, incluindo a classe de resíduos de serviço de saúde, autoclavados e enviados para o aterro de Blumenau. Outros resíduos químicos são temporariamente armazenados para serem enviados às plantas sanitárias com processamento regulamentado.

    Por Lucas Cervenka
    Redação Correio SC

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