Para Fiocruz, próximas semanas serão de cenário crítico da Covid-19 no Sul

    O novo boletim do observatório Covid-19 Fiocruz mostra que, segundo o perfil demográfico, as faixas etárias de 30 a 39, de 40 a 49, e 50 a 59 anos continuaram sendo aquelas com aumento mais notável de casos de coronavírus no Brasil.

    Responsáveis pelo boletim, os pesquisadores do Observatório Covid-19 Fiocruz verificaram que a faixa etária de 20 a 29 anos, que durante a Semana Epidemiológica (SE) 10 teve aumento inferior ao aumento global (256%), após uma atualização dos dados, passou a apresentar crescimento de 876% naquela semana (7 a 13 de março). Agora na análise mais recente (SE 12), o crescimento foi de 740,80%, também maior do que a média global (701,58%).

    Incidência e mortalidade

    As maiores taxas de incidência de Covid-19, como mostra o boletim, foram observadas nos estados de Rondônia, Amapá, Tocantins, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e no Distrito Federal.

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    Já as taxas de mortalidade mais elevadas foram verificadas nos estados do Rondônia, Tocantins, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e no Distrito Federal. Esse padrão coloca as regiões Sul e Centro-Oeste como críticas para as próximas semanas, o que pode ser agravado pela saturação do sistema de saúde nesses estados, resume o boletim da Fiocruz.

    Em Santa Catarina há uma redução dos casos ativos nas últimas semanas, mas ainda em patamar alto. São atualmente 20.491 pessoas infectantes (casos ativos). O sistema público de saúde ainda está saturado, com filas de pacientes grave à espera de leitos de UTI. São 132 esperando por UTI em todo o estado – 35 na região de Criciúma e 66 na região de Joinville. Há ainda 47 pacientes à espera de leito clínico. O estado já registrou mais de 1 mil mortes pela Covid somente em abril, o que mantém o alerta de piora para os pesquisadores da Fiocruz.

    pessoas de máscara andando em calçadão do centro de florianópolis - boletim da Fiocruz diz que pandemia no sul vai piorar
    Santa Catarina tem mais de 20 mil casos ativos de coronavírus e mais de 1 mil mortes por Covid só em abril – Ricardo Wolffenbüttel/Secom/Divulgação/CSC
    Imunização

    Quanto à imunização, os pesquisadores observam que o Brasil ainda está distante dos valores necessários para que o país tenha “uma situação de maior controle’. As primeiras doses das vacinas foram disponibilizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), até o período em análise, para 13% da população acima de 18 anos e as segundas doses para apenas 3,68% – em Santa Catarina o percentual de pessoas com segunda dose é de 3,3%.

    Medidas eficazes contra pandemia

    Como exemplo de boas soluções contra o avanço da pandemia no Brasil, a análise traz as medidas de bloqueio adotadas em Fortaleza, na região metropolitana de Salvador e no município de Araraquara. Os impactos positivos dessas medidas em países como Itália e Espanha também são citados no documento.

    Segundo o Boletim, múltiplos fatores contribuíram para este novo patamar da pandemia. Para enfrentar o atual cenário, os pesquisadores ressaltam que é fundamental a combinação de diferentes medidas, envolvendo as não-farmacológicas, o sistema de saúde e as políticas e ações de proteção e assistência social para redução da vulnerabilidade e do impacto social.

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