Contar e encantar: projeto Hora do Conto Itinerante completa cinco anos em São José

mulher fantasiada se apresenta para plateia cheia em pequeno anfiteatro ao ar livre
Foram mais de oito mil apresentações de contação de histórias em diversos locais de São José nesse período, como o Jardim Botânico - Secom PMSJ/Divulgação/CSC

Contar e encantar são ações que confluem a depender do modo como a história é narrada. Quem não conhece alguém que é prazeroso de se ouvir justamente porque sabe contar as histórias? O jeito de se transmitir um conto é a chave para o encanto e para a sabedoria. Diz o filósofo Walter Benjamin que o próprio significado de experiência advém da narrativa oral: conhecer é comunicar histórias.

Nesse sentido, a contação de histórias jamais deve faltar no âmbito educacional. Em São José há um grande trabalho nessa linha. Desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação, o Projeto Hora do Conto Itinerante completou cinco anos de contação de histórias agora em outubro. Durante o período foram realizadas mais de oito mil apresentações narrativas, tanto nas unidades educacionais municipais, como em locais fora do ambiente escolar, como bibliotecas, nas praças do Centro Histórico e no Jardim Botânico.

Na contação de histórias, a valorização da cumplicidade entre narradores, crianças, adolescentes e adultos faz com que vivam e sintam o aconchego das palavras, em histórias carregadas de personagens e imagens. Nelas, a musicalidade das vozes que se alternam, estimula a reflexão sobre a importância de manter viva essa memória, que aproxima diferentes gerações.

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Para a coordenadora do setor de educação infantil, Márcia Cristina Figueredo Rizzaro, a contação de histórias na rede municipal de educação se transformou na magia que torna o conhecimento mais prazeroso. “O contador de histórias persiste ao tempo, pois possui um talento nato e é um eterno pesquisador, que deve sempre se aprofundar nos conteúdos para saber como abordá-los com mais propriedade e desenvoltura, conseguindo assim, transmitir de forma significativa e tocar as pessoas verdadeiramente”, descreve Márcia.

A professora Ligia Barreto da Silva se rende diariamente aos encantos de ser uma contadora de histórias. “Esse trabalho é para mim uma escolha que me deixa muito feliz. Levamos a história e a cultura de São José na nossa bagagem, como uma oportunidade de nos apropriarmos de forma lúdica de um conteúdo que é curricular”, destaca Ligia.

Centenas de narradoras e narradores

Além do trabalho de contação de histórias diretamente para as crianças, a equipe também faz a formação de professores. Já foram certificados aproximadamente 250 contadores, educadores das escolas que espalham para outros espaços essa arte, sensibilizando os ouvintes a verem com “os olhos” da imaginação. “Nossas oficinas com os professores nasceram da necessidade de multiplicar os contadores de histórias na rede municipal. Neste processo buscamos também despertar a essência humana, necessária para se entregar a esse oficio de tal forma que todos que estiverem a nossa volta percebam o dom que se tem de sensibilizar as pessoas por onde passamos”, afirma a professora Ligia.

duas professoras em pé em uma sala grande com crianças sentadas no chão observando elas e alguns balões à frente
As narrativas orais são a base do conhecimento humano; contar histórias é transmitir experiência – Secom PMSJ/Divulgação/CSC

Já a professora Vera Lúcia Sabino vislumbra de forma romântica o que seu trabalho proporciona. “Olhar para as crianças e perceber o fascínio pelas histórias e o despertar da imaginação em cada trecho das narrativas é uma emoção indescritível. A energia que recebemos nesses encontros, tanto das crianças como dos adultos, nos impulsiona a fazer melhor a cada dia. Nas oficinas, propomos aos professores um entendimento do que eles realmente desejam com a contação de histórias. Percebemos quando estão prontos e se sentem confiantes para serem multiplicadores dessa arte milenar. A tradição oral faz parte de uma roda viva, em que o antigo e o novo se encontram e se aperfeiçoam”, destaca.

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