Divaldo Franco morre aos 98 anos e deixa legado de fé, amor e serviço à humanidade

    Médium baiano dedicou mais de sete décadas ao espiritismo, acolheu centenas de crianças e levou mensagens de paz a mais de 70 países.

    Foto: Mansão do Caminho/Divulgação

    O médium e líder espírita Divaldo Pereira Franco faleceu na noite desta terça-feira (13/05), aos 98 anos. Ele faleceu às 21h45, em casa, na sede da Mansão do Caminho, no bairro Pau da Lima, em Salvador. Desde novembro de 2024, Divaldo enfrentava um câncer na bexiga. Nesta noite, porém, seu corpo não resistiu à falência múltipla dos órgãos.

    Público poderá se despedir nesta quarta-feira

    A Mansão do Caminho organizou um velório aberto ao público para esta quarta-feira (14), das 9h às 20h, no ginásio de esportes da instituição. Apesar disso, a cerimônia seguirá o desejo de Divaldo: sem cortejo em carro aberto e com o caixão fechado. Já na quinta-feira (15), às 10h, a família realizará o sepultamento no Cemitério Bosque da Paz.

    Infância marcada por resistência e descoberta espiritual

    Divaldo nasceu em 5 de maio de 1927, em Feira de Santana, na Bahia. Ainda criança, começou a demonstrar sinais de mediunidade. No entanto, seus pais não entenderam suas visões e o puniram severamente, acreditando que ele sofria influências demoníacas.

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    Mesmo assim, Divaldo persistiu. Anos depois, uma longa enfermidade o deixou acamado. A família, então, aceitou ajuda espiritual. Uma médium o visitou, reconheceu sua mediunidade e iniciou o processo de esclarecimento espiritual. A partir desse momento, Divaldo mergulhou na doutrina espírita.

    Fundação da Mansão do Caminho transformou milhares de vidas

    Em 1947, Divaldo fundou o Centro Espírita Caminho da Redenção. Pouco tempo depois, em 1952, criou a Mansão do Caminho ao lado de Nilson de Souza Pereira. O projeto cresceu de forma contínua e se tornou um dos maiores complexos socioeducativos do Brasil.

    Hoje, o espaço conta com 44 prédios e atende mais de 5 mil pessoas por dia. O local oferece escolas, atendimento médico, oficinas profissionalizantes e diversas atividades sociais. Além disso, Divaldo acolheu e educou cerca de 685 crianças ao longo da vida. Embora não tivesse filhos biológicos, muitos o chamavam carinhosamente de “Tio Divaldo”.

    Carreira internacional como orador e autor

    Divaldo também se destacou como escritor e palestrante. Ele psicografou mais de 260 livros, que venderam mais de 10 milhões de exemplares e foram traduzidos para 17 idiomas. Esses livros trouxeram mensagens de mais de 200 autores espirituais.

    Além disso, Divaldo realizou cerca de 20 mil palestras, em mais de 70 países e 2.500 cidades. Em 2015, a jornalista Ana Landi publicou uma biografia sobre sua vida, que narra sua história de superação, fé e serviço ao próximo.

    Enfrentamento da doença com dignidade e serenidade

    Divaldo descobriu o câncer em novembro de 2024, após uma internação no Hospital São Rafael. Após receber alta, iniciou o tratamento no Hospital Santa Izabel. Ele combinou sessões de radioterapia com doses leves de quimioterapia e seguiu com acompanhamento nutricional e fisioterapêutico.

    Apesar da gravidade, Divaldo manteve equilíbrio emocional e disciplina no tratamento. Em fevereiro de 2025, voltou ao hospital para tratar uma infecção urinária. Poucos dias depois, retornou para casa e seguiu os cuidados em home care até o fim.

    Líder respeitado e homenageado no mundo todo

    Durante a vida, Divaldo recebeu mais de 800 homenagens de instituições culturais, sociais, religiosas e políticas. Em diversos países, ele representou o espiritismo com ética, compaixão e sabedoria.

    Após sua morte, a Mansão do Caminho publicou um comunicado: “Retornou à Pátria Espiritual o médium, orador espírita e embaixador da paz no mundo, Divaldo Pereira Franco. Dedicou sua vida à Causa Espírita e ao amor ao próximo.”

    A Federação Espírita Brasileira também prestou tributo. Segundo o presidente Jorge Godinho, “enquanto aqui ficamos saudosos, imaginamos a festa no Plano Espiritual com sua chegada, após uma existência exitosa e completista.”

    Dessa forma, Divaldo Franco encerrou sua jornada terrena com a certeza de que seu exemplo continuará a iluminar milhões de pessoas. Seu legado, sem dúvida, permanece vivo no coração de quem acredita na força do amor e da espiritualidade.

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