Moisés volta ao governo com secretário para agradar Alesc e estabelece três metas

Absolvido por 6 votos a 3 no primeiro processo de impeachment – que tratava sobre equiparação salarial dos procuradores do estado – Carlos Moisés está de volta ao comando do governo de Santa Catarina e com fôlego para retomar o trabalho. Ele pega o estado majoritariamente em situação gravíssima na pandemia, o que deve ser um dos principais focos do governo.

Em coletiva na residência oficial nessa sexta-feira (27/11), ele explicou o que imagina de sua gestão para os próximos anos, com três eixos de trabalho. Anunciou três novos secretários, incluindo o chefe da Casa Civil, com um nome de consenso com a Alesc para melhorar a articulação política e superar os impeachments, incluindo o que está para ser julgado.

“Hoje é um dia histórico para Santa Catarina. Um dia em que a verdade e a Justiça foram restabelecidas. Nós sempre defendemos a ausência de justa causa e de um motivo legal que embasasse a representação contra o governador. Entendemos que um processo eminentemente político não poderia prosperar. Porém, ele nos faz refletir e avaliar a importância do relacionamento com poderes e órgãos. Queremos olhar para frente, aprender com os erros, não esquecer o passado e projetar o futuro”, destacou Carlos Moisés.

Secretários e articulação

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Livre do primeiro impedimento (há ainda outro em curso, que ele afirma que também não vai prosperar), Moisés tratou de melhorar a articulação política ainda durante o seu período de afastamento. Se reuniu com parlamentares, incluindo o presidente da Alesc, Julio Garcia, para fazer o que não fazia até então: dialogar com os deputados. Esse foi um dos motivos da tentativa de derrubada do governo. As críticas eram que Moisés não atendia, não conversa, não tinha uma “ginga” com o palácio Barriga Verde.

Agora, para sinalizar um agrado aos políticos, Moisés escolheu como chefe da Casa Civil Eron Giordani, que era até então chefe de gabinete de Garcia e “tem boa articulação com os parlamentares”, disse Moisés. Giordani já atuou como secretário da Casa Civil nas prefeituras de Chapecó e Florianópolis, além de ter participado do Conselho de Administração da Celesc.

Na Secretaria Executiva de Comunicação, assume o jornalista Jefferson Douglas. Ele já atuou em vários veículos de comunicação do Estado, foi coordenador de imprensa do Governo do Estado em 2019 e atuava mais recentemente na assessoria do BRDE.

moisés fala ao microfone; atrás uma tela com apresentação e secretário jeferson ao lado
Governador disse que pretende pautar os próximos dois anos pelo diálogo; falta de articulação foi um dos motivos para processo de impeachment – Julio Cavalheiro/Secom SC/Divulgação/CSC

“É um nome que o mercado conhece. Foi consensuado entre os veículos de comunicação e as associações que representam o jornalismo em Santa Catarina. Houve muita conversa nesses dias de novembro em que estive afastado”, salientou o governador.

Por fim, foi anunciado o retorno de Alisson de Bom de Souza ao cargo de procurador-geral do Estado. Funcionário de carreira da instituição, ele já havia comandado a pasta, que cuida dos interesses jurídicos do Estado, na maior parte do ano de 2020.

Pandemia

No período em que Moisés esteve afastado, sua vice, Daniela Reinehr, pouco ou nada fez para conter a pandemia de coronavírus em Santa Catarina, tanto é que deixa o comando do governo com o pior cenário até agora – 13 das 16 regiões em risco gravíssimo à Covid-19.

Sobre o combate à pandemia, Moisés não deixou explícito, ainda, o que vai fazer. “Essa crise impõe algumas medias. Obviamente que não estamos falando aqui em fazer um lockdown. Não há espaço para movimento dessa natureza. A partir de hoje eu faço uma reunião com setores do estado, a equipe epidemiológica, e o Coes, para que a gente possa tomar algumas medidas, juntamente com a Fecam. Mas também contar com a consciência da população, uma vez que estamos novamente nessa crise”, disse na coletiva.

Três eixos de governo

Moisés considera que também será absolvido no processo de impeachment que trata da compra superfaturada dos respiradores com a Veigamed e já projeta como serão seus próximos dois anos à frente do governo. Na coletiva dessa sexta, ele anunciou os três eixos de trabalho para o período: planejamento hídrico, retomada da economia e infraestrutura. A projeção é investir quase R$ 9,5 bilhões até 2022.

Segundo o chefe do Executivo, trata-se de um projeto com visão de futuro, pensado as necessidades do Estado no ano de 2035. Serão investimentos em todas as regiões de Santa Catarina. Na infraestrutura, o valor chega a R$ 5,5 bilhões. Para a retomada da economia, serão empregados R$ 2,3 bilhões. No planejamento hídrico, o aporte será de R$ 1,7 bilhão.

Em relação ao planejamento hídrico, além das ações de curto prazo para o combate da estiagem, estão previstas soluções de longo prazo, em especial na região Oeste. O investimento em infraestrutura tem como principal missão melhorar a situação da malha rodoviária e aeroviária de Santa Catarina. Na questão da retomada da economia, o intuito é gerar crédito mais abundante para as empresas que sofreram com os impactos da pandemia de Covid-19.

Vacina

A respeito de movimento do governo para compra de vacina, o governador respondeu ao questionamento do Correio SC que “esse movimento tem que ser tomado com muita cautela. Nós entendemos que o governo central do Brasil é o responsável pela priorização da população brasileira. E para isso, nós precisamos que o governo dê o aval. Nós podemos ser parceiros, mas precisamos ter uma adoção de medidas únicas no Brasil para poder proteger a nossa população. Para não corrermos o risco de cometermos o equívoco de adquirir, por exemplo, vacinas que não tenha sua eficácia comprovada”.

Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br

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