O cenário de Florianópolis no aniversário de 350 anos

Relatório do IPCC cita Florianópolis como exemplo de cidade costeira vulnerável às mudanças climáticas
Capital catarinense deve se aproximar de 600 mil habitantes nesta década – Foto: Ricardo Wolffenbüttel/Secom SC/Divulgação/CSC

Florianópolis completa 350 anos de história nesta quinta-feira (23/3). Com quase 580 mil habitantes, a cidade vive um momento de embate sobre o desenvolvimento urbano, entre moradia e natureza, tendo em vista as crescentes demandas por habitação, serviços e infraestrutura, principalmente de saneamento.

Há, sim, segmentos já bem consolidados: Florianópolis é uma cidade segura, com bons índices de desenvolvimento humano, fácil acesso a áreas de lazer e serviços públicos de qualidade e movimentos culturais vibrantes.

A cidade vai seguir crescendo e precisa fazer bom uso das áreas planas, em uma ilha restrita por morros e mata preservada e um continente já praticamente saturado de construções. Naturalmente a população continuará aumentando, mas deverá diluir em seu território as ofertas de trabalho, de modo a reduzir a concentração na região central. É um problema de uso do solo até agora permanente; Florianópolis é o centro da região metropolitana de 1,2 milhão de habitantes.

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Na noite anterior ao aniversário, foi aprovado o novo plano diretor da cidade, que estabelece algumas novas diretrizes para um crescimento imobiliário, com vistas à redução dessa convergência para a área central, em tese. A ocupação deverá ser mais densa nos bairros, com mais serviços locais. A atualização do regramento pode ser um ponto definidor para o futuro municipal, mas sem perspectiva de que os preços imobiliários sejam menos agressivos.

Na véspera desse feriado, enquanto vereadores debatiam as possíveis consequências do plano, grande parte das principais vias esteve congestionada. Permanece a dúvida: quando a mobilidade vai melhorar? O modelo de transporte coletivo ainda depende de um crescimento de passageiros para ser financeiramente viável, o que tem ocorrido ao inverso. Para isso precisa ser muito melhor, de modo a tirar as pessoas dos carros particulares e atraí-las para os coletivos.

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O desafio de resolver essas questões em Florianópolis é grande. A cidade é muito cara para se viver, principalmente por causa da habitação super inflacionada, acima da razoabilidade: os alugueis subiram 33% em média em dois anos. É a sexta cidade do país com imóveis proporcionalmente mais caros para venda, além de preços de alimentação no topo, enquanto é um local ainda muito atrativo pela segurança pública (apesar das facções criminosas) e proximidade com as praias.

Florianópolis segue como uma cidade que tem muito de bom a oferecer. Com uma rica história e uma cultura diversificada, a atual metrópole está repleta de atrações turísticas, gastronômicas e culturais, compilando uma história que vai desde povos do sambaqui às mais altas tendências de startups.

Neste aniversário de 350 anos, que começou sob forte chuvarada, a cidade preparou mais de 300 atrações na maratona cultural, megaevento que reflete a rica produção de arte em Santa Catarina. Também recebe nessa data inaugurações de equipamentos públicos pelo município.

Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br

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