Operação Curto Circuito: empresa foi criada para fraudar a Celesc, diz delegado

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25 imóveis e 23 veículos de alto padrão foram capturados pela Polícia Civil - Fotos: PC/Divulgação/CSC

A Operação Curto Circuito começou quando a própria Celesc, há dois anos, constatou a irregularidade no pagamento a empresa de seguros de vida, que tinha cobrança de clientes pela conta de energia, através de convênio. Na manhã desta sexta-feira (2/8), a Polícia Civil deu cumprimento a mandados de prisão de três pessoas — um funcionário da Celesc e dois da empresa que recebia os repasses irregulares.

De acordo com o delegado Jefferson Prado Costa, da Diretoria de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil, os valores desviados entre 2009 e 2017 foram de aproximadamente R$ 10,6 milhões, que, atualizados, resultam em R$ 17 milhões de prejuízo à companhia estatal. A Operação Curto Circuito tem como objetivo reaver integralmente esse valor à Celesc, uma vez que os envolvidos converteram o dinheiro roubado em imóveis e veículos.

Com o aval da justiça foram sequestrados 23 veículos e 25 imóveis, muitos de luxo. Um deles é um prédio construído pelo funcionário da Celesc em Florianópolis, no qual cobrava alugueis e tinha mais lucro em cima do dinheiro desviado.

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O delegado explica que a Celesc identificou em 2017 que o funcionário alterava manualmente as planilhas da companhia para superfaturar os repasses à empresa de seguros. Desde então o funcionário foi exonerado e a Celesc colaborou na investigação de toda a fraude. Esse valor desviado era praticamente a mesma movimentação financeira que teve a empresa privada no período de 8 anos. “Montaram aparentemente a empresa só pra fazer isso, porque o volume de dinheiro movimentado nela é similar ao desviado”, disse o delegado em entrevista coletiva nesta sexta.

A empresa tinha o convênio com a Celesc na modalidade de cobrança de serviço junto à conta de energia, comum em muitos casos. A prática da companhia é, ao receber o valor integral da conta de luz agregado com outros serviços conveniados, repassar o montante para cada empresa, com desconto de taxas contratuais. O funcionário da Celesc fazia isso, porém aumentando indevidamente os valores a cada repasse. Foram 136 vezes ao total.

O nome da empresa não foi divulgado porque, conforme explica Jefferson Costa, a partir do depoimento das três pessoas presas novas diligências poderão ocorrer, com a possibilidade de prender mais pessoas envolvidas e “laranjas” do esquema.

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Apreensões da Operação Curto Circuito – Fotos; PC/Divulgação/CSC

O diretor da Deic, delegado Luis Felipe Fuentes, ao final da entrevista coletiva explicou que o foco da diretoria agora está em investigar grandes esquemas de desvios de dinheiro no estado, sejam em empresas, órgãos públicos, prefeituras ou câmaras, como foi a Operação Salário Extra.

Nota da Celesc

Ainda nesta manhã, a Celesc emitiu nota sobre a Operação Curto Circuito:
Sobre a operação Curto-Circuito, divulgada hoje (2/08), pela DEIC, a Celesc vem esclarecer que:
– a investigação é decorrente de queixa crime formalizada pela própria Celesc, junto à Policia Civil e ao Ministério Público;
– que o caso foi constatado em 2017, a partir da apuração de inconsistências nos dados referentes à conta contábil específica de contrato de arrecadação de terceiros;
– que realizou sindicância interna e confirmou a materialidade e a autoria das irregularidades, que resultou em inquérito administrativo e demissão do empregado envolvido por justa causa;
– que a Celesc promoveu as medidas administrativas cabíveis, dentro da sua competência, para ressarcimento de todos os danos decorrentes do processo;
– que foram implementados controles internos adicionais para evitar novas fraudes;

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