Polícia Federal e polícia da Irlanda combatem tráfico internacional de pessoas e lavagem de dinheiro

Operação conjunta da Polícia Federal e da Irlanda desarticula quadrilha de tráfico internacional, exploração sexual e lavagem de dinheiro

Policiais federais revistam imóvel durante operação contra tráfico internacional de pessoas.
Fotos: PF/Divulgação

A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (03/09), a Operação Cassandra, com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa transnacional envolvida em tráfico internacional de pessoas, exploração sexual, lavagem de dinheiro, fraudes financeiras e crimes tributários. A ação ocorreu simultaneamente no Brasil e na Irlanda, evidenciando a cooperação internacional entre as autoridades dos dois países.

Além disso, a operação contou com o apoio da Receita Federal, da EUROPOL e da Garda National Protective Services Bureau, polícia irlandesa que também deflagrou, no mesmo dia, a Operation Rhyolite, voltada à investigação do mesmo grupo criminoso em solo europeu.

Ação simultânea em dois países

No Brasil, a ação mobilizou 120 policiais federais e sete servidores da Receita Federal. Ao todo, as equipes cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e 30 mandados de busca e apreensão, espalhados por seis estados: Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso.

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Além dos mandados, a Justiça Federal determinou 13 medidas restritivas de direitos, como bloqueio de bens, apreensão de passaportes e proibição de comunicação entre investigados. Consequentemente, o grupo teve sua estrutura financeira e logística amplamente comprometida.

Na Irlanda, as autoridades prenderam três integrantes da quadrilha e realizaram diversas buscas em imóveis residenciais e comerciais, incluindo pontos de prostituição ligados ao grupo. Por outro lado, no Brasil, as buscas ocorreram exclusivamente em locais relacionados à lavagem de dinheiro, sem a identificação de pontos de prostituição.

Organização atuava desde 2017 

As investigações revelam que, desde 2017, o grupo atraía mulheres brasileiras com falsas promessas de emprego na Europa. Contudo, ao chegarem ao destino, as vítimas eram exploradas sexualmente, mantidas sob vigilância constante e submetidas a um regime de controle psicológico e financeiro.

Além disso, os criminosos confiscavam documentos, impunham dívidas abusivas e restringiam qualquer possibilidade de fuga. Por esse motivo, muitas das mulheres levavam anos para conseguir romper o ciclo de exploração.

Até agora, a PF já identificou cerca de 70 vítimas, número que pode crescer com o avanço das investigações. Nesse sentido, a atuação internacional é considerada essencial para garantir apoio às mulheres resgatadas e punição efetiva aos responsáveis.

Lavagem de dinheiro e crimes financeiros

Paralelamente ao tráfico internacional de pessoas, o grupo também movimentava grandes quantias de dinheiro obtidas de forma ilícita. Para ocultar a origem dos recursos, os integrantes criavam empresas de fachada, falsificavam documentos fiscais e realizavam operações bancárias simuladas no Brasil e no exterior.

Com isso, os criminosos reinvestiam os lucros ilegais em bens como imóveis, veículos de luxo e contas internacionais. Consequentemente, a quadrilha não apenas se mantinha ativa, como também expandia suas operações.

Dessa forma, os investigados deverão responder por organização criminosa, tráfico internacional de pessoas, exploração sexual, rufianismo, lavagem de dinheiro, falsidade documental, crimes contra o sistema financeiro e infrações tributárias.

Cidades com Mandados de Prisão (MPP) e Mandados de Busca e Apreensão (MBA)

Santa Catarina
  • Florianópolis: 7 MBA e 1 MPP
  • São José: 7 MBA e 3 MPP
  • Camboriú: 1 MBA e 1 MPP
  • Biguaçu: 2 MBA e 1 MPP
  • Palhoça: 5 MBA
São Paulo
  • São Paulo (capital): 1 MBA
  • Franca: 1 MBA
  • Barueri: 1 MBA
Rio de Janeiro
  • Rio de Janeiro (capital): 2 MBA e 1 MPP
Paraná
  • Curitiba: 1 MBA
Mato Grosso
  • Cuiabá: 1 MBA
Minas Gerais
  • Belo Horizonte: 1 MBA
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