Duas rendeiras de Florianópolis embarcaram nesta sexta-feira (05/09) para Portugal. O destino é o arquipélago dos Açores, mais precisamente a Ilha de São Jorge. Durante um mês, elas vão ministrar oficinas e ensinar a tradicional renda de bilro a novos artesãos da região.
A missão cultural acontece graças a uma parceria entre a TAP Air Portugal, a Prefeitura de Florianópolis, a Casa do Açores de Santa Catarina e o governo de Velas. Além de fortalecer os laços históricos, a iniciativa busca resgatar uma tradição que, pouco a pouco, perdeu espaço no arquipélago.
De acordo com o prefeito Topázio Neto, Florianópolis mantém muitas rendeiras em atividade. “A renda de bilro gera trabalho, renda e faz parte da nossa identidade. Como nos Açores cada vez menos pessoas dominam essa arte, enviamos uma equipe manezinha para capacitar novas gerações”, destacou.
Entretanto, em Florianópolis, a realidade é diferente. Por aqui, a renda de bilro ultrapassou os limites do artesanato doméstico. O que antes servia apenas como enfeite de casa agora ocupa espaço até na alta costura contemporânea. Além disso, em junho de 2025, as peças conquistaram um selo municipal de identificação de procedência, que garante qualidade e origem certificadas. Vale lembrar também que a atividade é reconhecida como Patrimônio Cultural de Santa Catarina.
Para a rendeira Marli Nadir Barcelos, que participa da missão, a viagem simboliza um retorno histórico. “Primeiro eles nos trouxeram a renda. Agora estamos indo ensinar o ofício de volta. A nossa cultura com o bilro jamais vai morrer. Florianópolis é uma potência e vai ajudar no resgate desse conhecimento onde ele se perdeu”, afirmou.
Assim, a tradição manezinha atravessa o Atlântico mais uma vez. Contudo, desta vez, não como herança recebida, mas como legado compartilhado.