Seca deixa leitos da Lagoa do Peri e do Rio Pilões à mostra; veja causa e perspectivas para SC

    A umidade da Amazônia que "abastece" as chuvas em SC é desviada para outras regiões por fatores atmosféricos que podem prevalecer até o fim do ano

    Há três crises simultâneas em Santa Catarina: na saúde, com a pandemia de coronavírus, na economia, como consequência da pandemia, e uma terceira, hídrica, pela falta de chuvas ao longo de 2020.

    Até o momento são 92 municípios catarinense que decretaram situação de emergência por conta da falta de chuva – situação observada desde meados de 2019.

    O governo do estado trabalha para minimizar os impactos no abastecimento, auxiliando municípios a escavar poços e com o fornecimento de caminhões-pipa. De acordo com a Defesa Civil, em breve, também com a ajuda do governo federal, cisternas de emergência poderão ser fornecidas para alguns desses municípios.

    Causas da seca em SC
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    A seca é basicamente uma conjunção de fatores atmosféricos, explica o meteorologista da Epagri/Ciram, Clóvis Corrêa.

    “Primeiro é a ocorrência de bloqueios atmosféricos no Pacífico Sul, que fazem com que frentes de umidade desviem para outros lugares. Essa inibição do fluxo de umidade que deveria vir da Amazônia é o segundo. O terceiro é a temperatura das águas do Pacífico. Outro fator é a neutralidade no momento do fenômeno de El Niño ou La Niña”, disse o especialista em entrevista por telefone.

    É a umidade da floresta amazônica que deveria “abastecer” as chuvas de Santa Catarina, mas ela está desviada para outras regiões do país, com o sudeste e mais recentemente para o nordeste, onde há excesso de precipitações.

    Ainda segundo Corrêa a perspectiva até o final do ano é que as chuvas continuem abaixo da média em todo o estado. Apenas no Oeste catarinense é possível que haja uma proximidade com a normalidade. Isso, diz ele, dependerá dos próximos meses, mas a previsão é de que haja ainda uma leve preponderância da La Niña, o que significa que pode haver menos chuvas em SC.

    Ou seja: a situação hídrica poderá ainda se agravar.

    Dados da estiagem

    De acordo com o boletim hidrometeorológico do estado, divulgado em 21 de maio, há 222 cidades com problemas no abastecimento público de água devido à situação de estiagem. Isso significa que mais de 75% dos municípios catarinense estão sofrendo com a seca.

    Oficialmente, de acordo com a Defesa Civil, 92 municípios catarinenses já decretaram situação de emergência por conta da estiagem. Os pedidos estão em análise no órgão.

    Nesta quarta-feira (27/5), o Ciram informa que há condição de estiagem para 15 estações hidrológicas de Santa Catarina, das quais nove estão em situação de emergência: Encruzilhada II, Saltinho, Chapadão do Lageado, José Boiteux, Ponte Moratelli, Salseiro, São João Batista, São Martinho – Jusante e Foz do Rio Claudino.

    Apesar do Ciram não considerar uma anormalidade nos níveis de água do Rio Pilões e da Lagoa do Peri, as imagens dos locais por si só mostram o problema. Ambos os leitos desses mananciais estão à mostra.

    Nessa terça a Casan divulgou que o volume está 70% abaixo do normal no Pilões, principal captação de água para a região metropolitana da capital, o que reflete no abastecimento de bairros em Palhoça, São José, Biguaçu e regiões continental e central de Florianópolis.

    Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o leito do Pilões/Vargem do Braço quase seco, assim como outras imagens na Lagoa do Peri, que serve para abastecer o sul da ilha de Florianópolis.

    Situação do Rio Pilões e da Lagoa do Peri

    Todos devem colaborar

    Nessa seca que atinge o estado, é possível encontrar pessoas lavando o carro ou a calçada à toa, desperdiçando uma quantidade de água que poderia ter melhor uso. Assim como no caso da pandemia de coronavírus e diversas outras situações, as crises devem contar com a colaboração de todos.

    Economize água.

     

    Por Lucas Cervenka

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