Sem consenso, estado cria o Centro de Ações contra Covid da Grande Florianópolis

    prefeitos reunidos em grande mesa em formato de
    Reunião de instalação ocorreu nesta quinta (11), mas, pela falta de consenso, nenhuma medida restritiva foi anunciada - Ricardo Wolffenbüttel/Secom SC/Divulgação/CSC

    Foi criado nessa quinta-feira (11/3) o Centro Integrado de Ações Contra a Covid-19 na Grande Florianópolis, constituído pelo governo do estado e prefeituras da região, após um ano de pandemia.

    O grupo tem a missão de criar regras comuns para a região metropolitana, uma vez que a área é conurbada, com mais de 1 milhão de habitantes, e os limites entre os municípios são apenas políticos – para a circulação do vírus não há barreira geopolítica. Assim, como sempre houve a necessidade, as regras da região devem ser unificadas, o que chegou a ocorrer em algumas oportunidades em 2020.

    Porém, como no ano passado, não há consenso entre as prefeituras e o grupo foi inaugurado sem uma ação concreta para conter o coronavírus, o colapso da saúde e o aumento de mortes por Covid, que já chega à casa de mil e duzentas pessoas na região. Como os prefeitos discordam sobre quais restrições devem ser tomadas, diante da transferência de responsabilidade por parte do estado, nada foi definido por enquanto.

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    Para saber o que pensa cada prefeito das quatro maiores cidades da Grande Florianópolis, foram feitas as seguintes perguntas:
    – Qual a opinião do senhor sobre lockdown na região da Grande Florianópolis para impedir o colapso da saúde?
    -Quais medidas acha que devem ser tomadas?

    Gean Loureiro – Florianópolis:
    O prefeito acredita que qualquer medida deve ser em conjunto com toda a região e apoio do Estado. Não há consenso na região sobre fechamento. Portanto, estão trabalhando em outras frentes para aumentar fiscalização e rede de atendimento.

    Orvino Coelho de Ávila – São José:
    Tem que ser uma ação conjunta entre os municípios da região. Por isso a criação dos grupos de trabalho técnico com o estado e, se após o diagnóstico o fechamento for a saída, vamos fazer com todas as cidades para preservar vidas. Uma decisão isolada não resolve, estamos no centro das quatro maiores cidades e estamos acompanhando atentamente a evolução dos casos para tomar decisões.

    Salmir da Silva – Biguaçu:
    Procurada, a assessoria de imprensa disse que o prefeito de Biguaçu só vai ser pronunciar após uma decisão conjunta.

    Eduardo Freccia – Palhoça:
    Procurados, o prefeito e a assessoria de imprensa não deram resposta.

    Entrevista coletiva

    Após a reunião de instalação do grupo de decisões da região, o secretário de saúde do estado, André Motta, falou que o modelo adotado na região de Chapecó deu resultado e é o que espera para a Grande Florianópolis. Chapecó, porém, ainda tem mais de 140 pessoas na fila de espera por UTI. Motta acredita que as restrições no Oeste ainda estão fazendo efeito. Ele criticou quem não segue as regras e puxou todos à responsabilidade. “Se decreto resolvesse, não precisava do nosso trabalho”, disse o secretário.

    O prefeito Orvino, de São José, afirmou que, se for necessário, haverá mais restrições, mas como a cidade é o centro da região, não pode tomar decisões sozinho. “A nossa região é difícil. As medidas tem que ser tomadas em conjunto. São José está no meio. A medida tem que ser em conjunto”, disse o prefeito josefense.

    “É questão de conscientização. Eu sempre digo que o problema maior não é o laboral, é o social. A gente está vendo cenas de horror lá no Hospital Regional. Na UTI só cabe um, e na balada sempre cabe mais um. E essa nossa reunião é um grande passo para que a gente tenha a responsabilidade e divulgue. A gente não pode só esperar do estado e o estado não pode só esperar dos municípios. O problema é de nós todos, e temos que trabalhar para minizar e resolver”, acrescentou.

    Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br

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