Sintrasem continua em greve e Ministério Público pede inquérito policial

funcionários da comcap em greve vistos de costas com policial de máscara à frente - sintrasem matem a greve
Grevistas e policias estão no pátio da Comcap no Itacorubi; PM tem de cumprir decisão judicial de desobstrução das unidades da Comcap, mas sindicato mantém mobilização - Sintrasem/Divulgação/CSC

O Sintrasem (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis) não deu o braço a torcer com a derrota na Câmara de Florianópolis e mantém a greve dos servidores da Comcap ativa. O sindicato quer que o projeto, que retirou benefícios dos trabalhadores e a exclusividade da coleta de lixo na capital, seja retirado de pauta pela prefeitura.

Nesta quinta-feira (28/1) o sindicato mobilizou mais uma vez a categoria a continuar com o manifestação de greve. É o nono dia de greve, mas a categoria está paralisada desde 18 de janeiro. Funcionários ocupam a unidade da Comcap do Itacorubi, onde é feito o transbordo de lixo dos caminhões para os compactadores. Os ânimos no local são tensos, uma vez que há o batalhão de choque da Polícia Militar e a possibilidade de um conflito.

Os trabalhadores reclamam dos descontos nos salários e querem que a prefeitura, além de retirar o projeto de pauta, negocie com a categoria. O lei aprovada, porém, já foi sancionada pelo prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, um dia após a aprovação na câmara. Enquanto o lixo não é recolhido pela Comcap na cidade, a prefeitura vai contratando empresas privadas para a coleta emergencial. Nesse sentido, a prefeitura diz que o serviço é muito mais barato, enquanto que o sindicato e vereadores de oposição denunciam que as condições de trabalho e operação das empresas privadas são precárias, como a utilização do aterro da baía sul, no Centro, para transbordo do lixo.

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Nesse impasse, a cidade acumula lixo. Há depredação de caminhões da empresa privada Amazon. Antes da votação na câmara também houveram ataques a residências de vereadores e do presidente do Sintrasem. Com a PM a postos para cumprir ordem judicial de desobstrução e retirada dos grevistas do pátio do Itacorubi, e com os ânimos exaltados, pode haver conflito.

MP pede inquérito policial

A 24ª Promotoria de Justiça do Ministério Público catarinense requisitou na quarta-feira (27) à Polícia Civil a instauração de inquérito para apurar a responsabilidade do Sintrasem pelo descumprimento da decisão judicial que declarou ilegal a greve da Comcap e a consequente retomada dos serviços.

A requisição foi feita a partir de procedimento instaurado pelo promotor de justiça Wilson Paulo Mendonça Neto em função de ofício encaminhado pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, dando conta do descumprimento de ordem judicial, solicitando a apuração de responsabilidade do sindicato, inclusive pela prática de crime ambiental.

“Os fatos noticiados são extremamente graves, com consequências do descumprimento da decisão judicial sendo sentidos por toda a população, direta ou indiretamente, ainda mais em plena pandemia com cuidados sanitários sendo exigido de todos, o que recomenda a intervenção, nesse momento, para apuração dos fatos no âmbito criminal, já que é possível, entre outras situações, vislumbrar a possível ocorrência de delito ambiental”, considera Mendonça.

Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br

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