Tecnologia e inovação na construção civil devem alavancar o setor

    Especialista fala sobre as possibilidades a serem exploradas por construtechs

    operários vistos em um prédio em construção
    Construção civil gera muitos empregos no Brasil, mas utiliza pouca tecnologia; startups do setor podem aumentar e diversificar os postos de trabalho ao oferecer soluções, desde grandes obras até pequenas reformas Foto: Dênio Simões/Agência Brasília/Fotos Públicas/Divulgação

    A construção civil é um dos campos que mais geram empregos no Brasil, apesar da crise que fechou 600 mil postos de trabalho nos últimos três anos, segundo levantamento do Dieese em agosto.

    Na visão de muitos especialistas, o aumento de empregos é necessariamente um aumento na quantidade de obras pelo país. Porém, a indústria da construção oferece em sua cadeia um imenso potencial ainda pouco explorado: a inovação através da tecnologia.

    Segundo pesquisa recente da McKinsey, somente o setor de agricultura usa menos tecnologia na cadeia produtiva. Além dos tradicionais empregos, há espaço para muitos outros campos dentro da construção civil através das construtechs – startups de tecnologia no setor.

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    Em entrevista ao Correio de Santa Catarina, Ana Maria Coelho, especialista em inovação da Vedacit, a maior empresa brasileira do ramo de impermeabilizantes, fala sobre as perspectivas tecnológicas do setor no evento Construtalks, que aconteceu nesta quinta-feira (27/9) no Sapiens Parque, em Florianópolis.

    A Vedacit está com as inscrições abertas para seu primeiro ciclo de aceleração dentro do Vedacit Labs. Serão selecionadas cinco startups. Cada uma receberá investimento de R$ 100 mil.

    Correio – O que faz com que a construção civil até hoje utilize pouca tecnologia em sua cadeia produtiva?

    Ana Maria Coelho – Tradicionalmente o setor trabalha de forma empírica: “eu faço assim porque sempre fiz assim”. Há pouca exploração de novos jeitos de se construir, especialmente de aplicar soluções. Falta idealizar uma transformação com pensamento inovador em todos os níveis de mão de obra. A tecnologia entra então como essa inovação na oferta de serviços e soluções que os clientes demandam.

    Correio – O que faz com que a Vedacit queira investir em startups da construção civil?

    Ana Maria Coelho – Queremos inserir o pensamento de soluções para todo o segmento. Não apenas pensar em desenvolvimento de novos produtos, que são importantes, mas há uma grande demanda por serviços que resolvam de forma eficiente e com qualidade muitos problemas, e que também aliem sustentabilidade e a população de baixa renda. Esta fala está começando e o mercado todo tende a ganhar. Com o Vedacit Labs, queremos influenciar positivamente a cadeia.

    Correio – Em quais ramos serão escolhidas essas startups?

    Ana Maria Coelho – A iniciativa é voltada a projetos focados em Digital, entre eles sensores, inteligência digital e plataformas para a capacitação de pedreiros, aplicadores, Faça Você Mesmo e serviços para diagnóstico, gestão e monitoramento em obras. Além disso, a empresa tem interesse em negócios que ofereçam soluções e novas tecnologias para impermeabilizar sistemas de captura e reuso de água, melhoria e redução dos processos construtivos nas etapas de impermeabilização e serviços para impermeabilizar habitações na baixa renda. É preciso lembrar também que há uma carência de habitação no país.

    foto de ana maria, sorridente para a câmera em uma grande garagem
    Ana Maria Coelho, especialista em inovação da Vedacit e gerente do programa Vedacit Labs – Foto: Divulgação/CSC

    Correio – O que as construtechs podem fazer nesse sentido?

    Ana Maria Coelho – Há uma estimativa que o Brasil tem 16 milhões de residências que precisam de reformas, que estão insalubres, e que há 6 milhões de pessoas que não tem onde morar. Já existem muitas iniciativas em negócios sociais, que também são economicamente rentáveis, como o Programa Vivenda e a Moradigna. Esse mercado de baixa renda, especialmente para reformas, também exige boas soluções, e aí entram as startups.

    As construtechs interessadas no programa de aceleração da Vedacit Labs podem se inscrever até 11 de novembro no site da aceleradora. Além do investimento, serão ofertados seis meses de residência no WeWork em São Paulo, quatro meses de aceleração em parceria com a Liga Ventures e o incentivo para geração de negócios no segmento de construção civil.

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