Adeliana Dal Pont: “A gente não quer ter mulheres eleitas apenas para discutir políticas públicas para mulheres”

Adeliana Dal Pont fala sobre a articulação para trazer mais mulheres à política
Adeliana, ex-prefeita de São José: “tenho compromisso na inserção da mulher na política e na vida pública” - Lucas Cervenka/CSC

À frente da Escola do Legislativo, a ex-prefeita de São José fala sobre as bandeiras que considera primordiais na política catarinense, como a gestão da saúde e a segurança pública. Também reflete que faltam oportunidades às mulheres na política, que não querem estar nos cargos eletivos para defender somente as pautas femininas, mas liderar discussões necessárias a todos, o que afirma que defendeu na última reunião de seu partido, o PSD, em Florianópolis no início de dezembro. Adeliana afirma também que já definiu sua pré-candidatura para o ano que vem. Confira.

Correio de Santa Catarina – A respeito do trabalho na Escola do Legislativo da Alesc, como tem sido essa construção?
Adeliana Dal Pont – A assembleia tem esse compromisso de levar a todos os cantos do estado formação política e formação sobre cidadania, e a escola tem capilaridade em todos os municípios de Santa Catarina. Eu venho do município na condição de ex-prefeita e resolvi visitar as câmaras de vereadores para mostrar a escola, apresentar os cursos e também trazer sugestões, porque nada melhor que ouvir quem precisa dessa formação. Vieram assuntos muito interessantes, como o Reurb. Então nós fizemos cursos a respeito disso, assim como ABA, mídias digitais e cursos voltados para vereadores, como iniciação à legislatura.

Correio SC – E em termos de participação é mais quem já está na área política?
Adeliana – Depende do assunto. Tivemos um em que foram basicamente professores. Tivemos muitos cursos para mulheres, principalmente mulheres na política, onde nenhuma tinha mandato. Depois que eu saí da prefeitura, eu fiquei com um grande compromisso, que é levar essa inserção da mulher na política e na vida pública, então eu tenho feito isso aqui, através da escola, através do meu partido, onde sou presidente do segmento mulher, para trazer esse despertar das mulheres nessa participação.

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Correio SC – Como está essa articulação política dentro do seu partido, trazendo lideranças femininas?
Adeliana – Por conta da pandemia nós fizemos lives com as mulheres para fazer esse despertar, para que uma se inspire na outra, para encorajar as mulheres à participação. Tenho feito isso como uma rotina da minha vida, porque eu creio que a democracia será mais plena com a participação de todos, de homens e de mulheres. Hoje a Alesc tem seis mulheres eleitas, contando com a deputada Dirce [Heiderscheidt]. É muito pequena a participação, de 40 serem apenas seis mulheres eleitas ainda é muito aquém do que deveria ser a representação, porque a população de Santa Catarina é composta em maioria por mulheres.

Correio SC – Você acha que falta firmeza dos partidos em relação às candidaturas femininas?
Adeliana – Na última reunião do nosso partido falei publicamente que as mulheres precisam de oportunidades. As mulheres são ouvidas ou procuradas muto próximo às eleições, quando precisa-se montar a lista de candidatos, por exigência da lei. Sinto que as mulheres ainda precisam de oportunidades, coragem às vezes também, porque é um caminho difícil para ser trilhado, mas o resultado é muito bom, pois se consegue discutir muitos assuntos e a gente não quer ter mulheres eleitas apenas para discutir políticas públicas para mulheres, porque nós também sabemos falar sobre economia, sobre agricultura e sobre outros temas. Muitas vezes nos capacitamos com mais frequência, talvez porque todos os dias nós temos que provar nossa competência, isso faz com que nós mulheres procuremos mais formação e mais preparo para os embates.

Correio SC – Considera que essa é uma posição feminista na política?
Adeliana – Mas nós precisamos ser feministas, não só as mulheres, mas também os homens deveriam ser feministas, pois é importante termos essa pluralidade, não uma categoria menor do que a outra. Eu tenho bandeiras feministas, como todos deveriam ter, não dá para a gente não defender igualdade para todos.

Correio SC – E se estivesse por exemplo numa cadeira legislativa, que bandeira você levantaria?
Adeliana – A saúde foi sempre a minha grande bandeira, porque hoje eu percebo o quanto os investimentos que eu fiz no município de São José durante os oito anos podem ser usufruídos pela população de uma forma geral. Já pensou como seria com a pandemia se eu não tivesse feito esse investimento? Saúde é uma bandeira que eu sempre defendi, que eu sempre fui eleita por ela, mas tem muita coisa ainda para fazer e para defender.

Correio SC – Já definiu se será candidata em 2022?
Adeliana – Já defini, por conta do tempo, de ter que visitar todos os municípios e formatar um caminho, e pensando na nossa região, principalmente, eu sou pré-candidata a deputada estadual, para ficar próxima e para defender as necessidades da cidade de São José e da região.

Correio SC – E o seu partido, PSD, já tem um caminho definido sobre como coligar no ano que vem?
Adeliana – Não, todas as nossas conversas estão sendo a respeito de ter um candidato a governador ou governadora do partido, acho que nós temos bandeiras importantes que precisam ser defendidas, e para isso é preciso ter candidatos.

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