Com 3.200 casos de diarreia, Florianópolis aponta para possível causa da epidemia

    Norovírus foi encontrado na maioria dos pacientes do norte da ilha

    Resultado preliminar aponta para a presença de Norovírus na maioria das amostras de fezes de pacientes com sintomas de doenças diarreicas agudas (DDA) em Florianópolis. A análise é feita pela UFSC, em parceria com um laboratório particular, para tentar descobrir a origem da epidemia na cidade. Diversas outras cidades do litoral catarinense também registram centenas de casos.

    Na capital foram registrados, até esta sexta-feira (20), 3.241 casos de pessoas com sintomas de DDA. Cerca de 65% dos casos foram na região Norte da ilha, onde as maiores praias estão poluídas desde dezembro, de acordo com os relatórios de balneabilidade do IMA. Relatório do órgão ambiental desta sexta mostra que cerca de metade dos pontos analisados no mar em Florianópolis continuam impróprios.

    A presença de esgoto em excesso no mar, tornando as praias impróprias para banho, é apontada como a causa mais provável para o surto de diarreia em Santa Catarina nesse verão, isso porque em outras cidades o cenário é similar a Florianópolis – praias sujas e diversos casos de diarreia. Não há um número contabilizado para SC, pois cada cidade não precisa informar ao estado esse tipo de doença.

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    Segundo a Prefeitura de Florianópolis o Norovírus foi encontrado em 63% das amostras de fezes de pacientes do Norte da ilha. De acordo com a professora Gislaine Fongaro, do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da UFSC, esse vírus é um causador das chamadas gastroenterites agudas (vômito e diarreia). “Esses agentes infecciosos são chamados de entéricos, ou seja, que possuem rota oral-fecal, sendo ingeridos e excretados nas fezes de pessoas e animais não humanos suscetíveis”, declarou a especialista à Agência de Comunicação da universidade há 10 dias, no início da investigação sobre a epidemia de diarreia. A transmissão pode ocorrer também por via alimentar (alimentos e bebidas contaminados), tosse ou contato com mãos contaminadas.

    O saneamento básico, água e esgoto tratados e a higienização de alimentos, portanto, são essenciais para a prevenção dos surtos. “O contato direto de não infectados com infectados, bem como o contato direto com fezes e papeis e fraldas contaminadas e aerossóis de banheiros podem ser importantes formas de transmissão de vírus e bactérias entéricas”, comentou Gislaine.

    Estadualmente o surto de casos de diarreia é investigado da mesma maneira, com a análise de amostras de fezes no Lacen, além da análise da água do mar. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, porém, poucos municípios estão enviando amostras para testes. Resultados preliminares devem ser divulgados na próxima semana.

    Doenças diarreicas agudas

    Detectadas principalmente nas épocas de temperatura mais altas do ano, seja pela dificuldade de conservação de alimentos, seja pela grande concentração populacional nas cidades de praia, as doenças diarreicas agudas (DDA) podem ser causadas por diferentes agentes, como bactérias, fungos e vírus, sendo os mais comuns o rotavírus e o norovírus e a bactéria Escherichia coli, parâmetro de medição da balneabilidade (coliforme fecal). Apesar de casos serem geralmente leves, os grupos de maior risco como crianças e idosos podem ter sintomas agravados, principalmente a desidratação.

    Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br

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