CPI da Ponte Hercílio Luz ouve empresário da construtora Espaço Aberto

Paulo Ney Almeida socio construtora Espaco Aberto
Paulo Ney Almeida, da construtora Espaço Aberto, que teve contrato firmado entre 2008 e 2014 com o estado para reforma da Ponte Hercílio Luz, falou à CPI nesta quarta - Solon Soares/Agência AL

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) encarregada de investigar as obras da reforma na Ponte Hercílio Luz colheu na manhã desta quarta-feira (14) o depoimento do empresário Paulo Ney Almeida, sócio da construtora Espaço Aberto.

Entre 2008 e 2014 a empresa liderou o consórcio Monumento Florianópolis, que teve o contrato para a restauração da estrutura rescindido antes do período previsto, por decisão do governo.

Firmado com o antigo Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), o contrato previa a troca dos cabos e das barras de olhal da Hercílio Luz, a um custo de R$ 169 milhões e em um prazo de 42 meses.

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Conforme Paulo Ney Almeida, dada a complexidade do serviço, a Espaço Aberto se associou a americana CSA Group, que detinha a tecnologia necessária para tanto, e mais cinco empresas, nacionais e estrangeiras. O consórcio acabou vencendo o certame, apresentando a proposta de custo de R$ 154 milhões e prazo de 30 meses para a obra.

No decorrer do trabalho, entretanto, os engenheiros do Deinfra e a Prosul/Concremat, empresa de consultoria contratada pelo governo para fiscalizar a restauração, detectaram que as rótulas metálicas junto aos pilares, necessárias para dar flexibilidade de movimento ao vão central, estavam comprometidas pela oxidação e precisavam ser trocadas. “Contratamos muitas empresas para isso [a reforma contratada] e quando nos trouxeram essa alteração não tivemos mais como parar, pois o nosso custo com a paralisação custaria muito caro. Então, nós continuamos a obra.”

Tendo em vista a necessidade de construção de uma base de suporte para a ponte, disse, foram construídos quatro pilares de concreto no leito do mar, que acabaram custando R$ 1 milhão cada, muito distante dos R$ 200 mil orçados. Uma delas, inclusive, ruiu e precisou ser refeita, aumentando os custos operacionais do consórcio. “Começamos a sentir dificuldade esperando que nos pagassem e até hoje isso não foi feito. Tivemos que dilapidar patrimônio para tocar a obra.” Nesse ponto, afirmou, dada a constante falta de recursos, o governo chegou a pedir que a empresa diminuísse o ritmo das obras, que exigiram aditivo de R$ 8 milhões devido às alterações no projeto.

Segundo o empresário, com menos de um ano para o encerramento do contrato, o governo do Estado conseguiu a liberação de um financiamento junto ao BNDES, mas o dinheiro não poderia ser usado para o pagamento de serviços já executados. “Aí é que deu todo o problema. Tínhamos oito meses para terminar e o governo, querendo pressa, rescindiu o contrato com a gente.”

Após a manifestação de Almeida, o relator da CPI, deputado Bruno Souza (Sem partido), apresentou uma série de perguntas sobre alterações societárias promovidas entre a Espaço Aberto e as outras empresas pertencentes ao consórcio Monumento Florianópolis; sobre a equipe de engenheiros envolvidos e a capacitação técnica necessárias para a reforma da ponte, conforme exigidos no edital.

Os questionamentos foram respondidos em parte, com Almeida afirmando que muitos detalhes do contrato firmado com o governo eram de conhecimento somente dos advogados contratados pela empresa. Por diversas vezes a sessão da CPI, que foi conduzida pelo deputado Marcos Vieira (PSDB), chegou a ser interrompida para que os dois advogados que acompanhavam o empresário o instruíssem acerca dos questionamentos.

Também participaram da sessão os deputados Sargento Lima (PSL), Jessé Lopes (PSL), Fernando Krelling (MDB), João Amin (PP), Luciane Carminatti (PT) e Marlene Fengler (PSD).

+ Relator da CPI da Ponte Hercílio Luz avalia que editais eram “frágeis”.

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