Cresce a procura de mulheres por cursos de defesa pessoal

Somente nos cinco primeiros meses de 2018, em Santa Catarina, há 1,4 mil registros de estupros consumados

dois homens mostram golpes em um tatame onde uma turma de mulheres está sentada assistindo
Diante de milhares de casos de violência doméstica, cursos de defesa pessoal estão ganhando espaço entre as mulheres; no Brasil foram 193 mil registros no ano passado - Foto: Divulgação

Dados estarrecedores sobre a violência feminina no país, e o crescimento dos números ano após ano, faz com que organizações privadas e públicas tomem iniciativas para coibir este aumento das estatísticas e impedir que mulheres e crianças sejam tratadas de formas tão brutais. Somente nos cinco primeiros meses de 2018, em Santa Catarina, há 1,4 mil registros de estupros consumados.

Para colaborar, a ATA Pedra Branca realizará em 10 de novembro, no Complexo Aquático da Unisul, em Palhoça, mais uma edição do Workshop gratuito de Defesa Pessoal Tática para Mulheres. Nesta quarta (7/11), a Udesc também promove evento similar (com 30 vagas abertas, foram mais de 1,6 mil pessoas interessadas).

Ambos, além do viés físico em demonstrar as técnicas de autodefesa, ensinam metodologias de análise de ambiente, identificação de possíveis agressores e abordagem às legislações sobre o que caracteriza agressão e legítima defesa, além da Lei Maria da Penha.

Workshop de Defesa Pessoal Tática para Mulheres
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No curso na Pedra Branca, as mulheres vão aprender como usar partes do corpo para se defender, treinar a mente para controlar a emoção e agir em uma situação de fuga. O workshop será realizado em duas turmas. Na parte da manhã, das 9h às 12h e, na parte da tarde, das 15h às 18h.

Em três horas, o professor de Taekwondo da ATA Martial Arts Pedra Branca, Deives Vidart, idealizador do evento, irá ensinar técnicas físicas, com golpes e formas de se desvencilhar do agressor, além de abordar a violência verbal e psicológica que afeta milhões de mulheres no mundo todo, ensinando a blindar a mente e elevar os níveis de confiança, autoestima e segurança.

O evento é destinado a todas as mulheres com mais de 12 anos, independente de tamanho, compleições físicas e níveis de força. Para o professor, “qualquer pessoa pode vencer um agressor maior e mais forte, basta estar preparado. Mas o objetivo aqui não é vencer a briga, e sim sair de uma situação de perigo. Vou explicar como distrair o agressor ou imobilizá-lo por tempo suficiente para poder buscar ajuda ou sair correndo”, afirma Deives Vidart.

Quando: 10/11 (sábado)
Onde: Complexo Aquático da Unisul – Pedra Branca – Palhoça
Quanto: Gratuito
Horários: Turma I – das 9h às 12h; Turma II – das 15h às 18h
Informações e Inscrições: www.facebook.com/atapedrabranca | Whats (48) 98455-8941

Oficina de Defesa Pessoal pra Geral

“Não é um jogo, não é competição, não é esporte. É sobrevivência!”. É desta forma enfática que o instrutor Sérgio Raulino descreve o projeto ‘Autodefesa Funcional’, que começou de forma tímida em Florianópolis, mas rapidamente conquistou o interesse de milhares de pessoas.

Com a realização de cursos, palestras e oficinas, o objetivo é ensinar estratégias para a sobrevivência em situações de violência. O próximo evento será a ‘Oficina de Defesa Pessoal Pra Geral’, nesta quarta (7), no Centro Acadêmico Augusto Boal/Udesc. Foram abertas 30 vagas e mais de 1,6 mil pessoas ficaram interessadas.

“No momento em que evento foi divulgado nas redes sociais foi surpreendente o retorno que tivemos. Foi necessário fazer uma triagem para chegar ao número determinado de vagas”, conta Sérgio, idealizador e coordenador do projeto Autodefesa Funcional.

Além da oficina na Udesc, no próximo dia 12 terá início o curso ‘Extravasa: Defesa Pessoal’, voltado para o público LGBT, na Associação em Defesa dos Direitos Humanos. Paralelo, Sérgio comanda todo sábado as aulas do ‘Empodere-se: Defesa Pessoal Feminina’, na Associação do Bairro Itacorubi. O projeto também fará parte da programação dos ’16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres’ com a realização da oficina ‘Defesa Pessoal Feminina’, em 24 de novembro.

Os números da violência contra as mulheres

Recentemente divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o 12º Anuário Brasileiro da Segurança Pública apresenta números que chocam. Somente no ano passado 193 mil mulheres registraram queixa por violência doméstica. É uma média de 530 mulheres que acionam a lei Maria da Penha por dia, ou seja, 22 por hora. Destes, 164 casos são de estupros diários. Os dados gerais de 2017 colocam o Brasil entre os países mais violentos do mundo. Alguns analistas apontam ainda para a estimativa de que a média nacional de casos denunciados é de apenas 10% das ocorrências.

Apesar de Santa Catarina ter a menor taxa de mortes violentas intencionais do país no geral, foi um dos três estados com maiores registros de estupro, ficando atrás apenas de Mato Grosso do Sul: 1,4 mil registros de estupros de janeiro a maio deste ano.

Já nos números divulgados pela Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina, no que se refere a violência contra a mulher, de janeiro a agosto deste ano são 66 homicídios dolosos, sendo 25 casos de violência doméstica (feminicídio), além de quatro casos de latrocínio.

Assim, o cenário com dados estarrecedores e, por outro lado, mulheres cada vez mais empoderadas, aponta para uma demanda crescente aos cursos de defesa pessoal. É o que projetam os idealizadores de cada projeto.

“A meta é crescer ainda mais, já que é uma iniciativa social e queremos expandir para diferentes bairros, empresas, centro acadêmicos, associações e comunidades. O objetivo é levar ao cidadão comum a informação, o preparo, a atitude e as técnicas para que essa pessoa se sinta mais segura”, finaliza o professor Sérgio Raulino.

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