Livro de poesias para o vestibular da UFSC gera polêmica na Alesc

A obra "Um útero é do tamanho de um punho”, de Angélica Freitas, é obrigatória para o próximo vestibular da UFSC e UFFS

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Deputado Jessé Lopes (PSL), autor da moção, disse que ficou com vergonha de ter que comprar o livro e que vai dar para a deputada Luciane Carminatti (PT), com quem travou novo embate nesta terça - Rodolfo Espínola/Agência AL

Um livro de poesias, cuja leitura é obrigatória para o Vestibular 2020 da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), causou polêmica na sessão da Alesc desta terça-feira (17/9). O assunto foi tema de pronunciamento do deputado Jessé Lopes (PSL), na parte inicial da sessão.

O parlamentar criticou a inclusão do livro “Um útero é do tamanho de um punho”, de Angélica Freitas, na lista de obras para o vestibular unificado das duas universidades. Na tribuna, ele leu pontos de algumas poesias. Os textos faziam referências a elementos cristãos e aos órgãos reprodutores masculino e feminino.

Indignado com o teor das poesias, Jessé apresentou moção, de número 463/2019, na qual repudia a inclusão da obra no vestibular.  A deputada Luciane Carminatti (PT) afirmou que se absteria da votação por não conhecer o conteúdo do livro.

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O deputado Bruno Souza (sem partido) declarou apoio à moção. “Livro de péssimo gosto. Fico pensando onde estão os clássicos, as leituras fundamentais para o desenvolvimento dos jovens”, disse. “Me parece que esse livro contém financiamento público. Mesmo aqueles que discordam do péssimo gosto do livro, são obrigados a financiar isso.”

Luciane, então, pediu que a votação fosse nominal, ou seja, cada deputado teria que manifestar seu voto no painel do plenário. Para a deputada, a moção representa censura.

“Dizer o que cabe ou não do ponto de vista da arte, não cabe aos legisladores. Os legisladores têm que cumprir com a Constituição”, disse a parlamentar. “Não sei se o problema de alguns é da cintura pra baixo ou do pescoço pra cima. Isso nós ainda vamos ter que descobrir.”

Jessé retornou ao microfone, leu trechos das poesias e criticou a obra. “Não é questão de sexualidade, estão ferindo os valores cristãos. É muito mais grave do que simplesmente sexualidade”, disse o deputado.

O autor da moção afirmou que passou vergonha ao comprar ao livro. Disse, ainda, que presentearia Luciane com a obra “para que ela possa presentear alguém da família que tenha 18 anos e que queria saber qual o tamanho do útero e se um punho cabe dentro dele.”

Jessé Lopes também  recebeu apoio dos deputados Jair Miotto (PSC) e Ana Campagnolo (PSL). “Esse conteúdo é irrelevante do ponto de vista acadêmico. O livro, além de ser ruim, tem um conteúdo desnecessário”, disse Ana. “Qual a necessidade do acadêmico ler um livro que faz referências a enfiar o dedo no ânus?”.

O deputado Ivan Naatz (PV) criticou a atenção dada ao tema e classificou o debate como “triste e cômico”. “É como se a gente não tivesse nada para fazer”, afirmou. “Santa Catarina com tantos desafios e nós perdendo tempo para discutir o que alguém vai ler ou não vai ler. Chega a ser vergonhoso para a Assembleia Legislativa.”

A moção 463/2019 não chegou a ser votada por falta de quórum e se não for retirada pelo autor, será apreciada nas próximas sessões da Alesc.

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FONTEAgência AL
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