O entrave da terceira faixa da Via Expressa

    Rodovias federais não podem ter corredor exclusivo

    foto superior de três pistas da via expressa com trânsito intenso
    Entre 130 mil e 150 mil veículos passam pela Via Expressa todos os dias para chegar à Ponte Pedro Ivo Campos - Albano Aquino/CSC

    Passados seis meses da inauguração das terceiras faixas da Via Expressa (BR 282), uma de cada lado, aparentemente não melhorou o trânsito para entrar e sair da ilha de Florianópolis.

    Não há mais dia ou horário para congestionamentos em ambos sentidos, salve a madrugada, se não houver ocorrência. Sábado de manhã, então, atualmente é como se fosse dia útil para entrar em Florianópolis. E ainda não estamos na alta temporada.

    Quando iniciada, a ampliação da Via Expressa tinha no imaginário de muitos que melhoraria a circulação dos veículos. Para muitos outros, desde o início, também havia essa esperança, mas era necessário a instalação de um corredor exclusivo de ônibus, caminhões, veículos de emergência e mais alguns tipos nessas novas faixas, especialmente para priorizar o transporte coletivo. Assim, talvez, a coisa literalmente andasse. Não aconteceu.

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    Em junho o Correio entrevistou o superintendente do Dnit em Santa Catarina, Ronaldo Carioni, que afirmou que a instalação da faixa exclusiva tinha pouca viabilidade e impacto na mobilidade e, portanto, não ocorreria. Não foi cogitado um teste sequer pra medir o impacto. Municípios e estado não tiveram voz, ou vontade, para debater a questão.

    Mas há outro impedimento, só alertado recentemente pelo governo estadual: é proibido instalar faixas exclusivas em rodovias federais. Ou seja, só mudando uma legislação federal, que afetaria todas as cidades do país, para tentar fazer melhor uso da “Via Extressa”.

    O subsecretário da Casa Civil estadual, Matheus Hoffmann, responsável pela Suderf e consequentemente pelo futuro sistema integrado de transporte coletivo da Grande Florianópolis, tem dito que insiste com o governo federal para abrir uma exceção. Disse recentemente, na Câmara de São José, que foi mais de uma vez à Brasília “tentar a sensibilização do governo”. Também não aconteceu.

    No dia da inauguração (aquela terça-feira, 18 de junho, turbulenta em Florianópolis) o próprio ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou que iria fazer o teste de faixa exclusiva. Pelo jeito não quis, ou foi alertado que a legislação impede.

    A instalação da terceira faixa é um dos pontos questionados pelos vereadores de Palhoça a respeito do projeto de transporte integrado – sem ela, tanto na Via Expressa, como na BR 101, não diminuirá o tempo de viagem Palhoça-capital. Até agora a Câmara de Palhoça não colocou em votação o projeto e, no geral, há muita descrença entre os parlamentares.

    Agora, em duas semanas, outra nova via abre-se no sentido ilha da magia, a Ponte Hercílio Luz. Sem a necessidade de ter que ajoelhar para o governo federal, há a oportunidade da comunidade da região metropolitana de Florianópolis fazer um uso eficiente da caríssima estrutura. Sempre há os que só enxergam benefício se for pra veículos particulares, de grão em grão, como acontece com a Via Expresa e – pasmem – está dando errado. Nesta sexta-feira (13), o prefeito de Florianópolis (a atribuição é municipal) chama a imprensa, na parte da manhã, para dizer qual é o plano.

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