Pesquisadores avaliam decisões sobre isolamento social em Florianópolis

Um grupo de 10 pesquisadores de Santa Catarina e São Paulo divulgou nessa semana um estudo acadêmico que relaciona os decretos municipais de Florianópolis sobre isolamento social e a propagação do coronavírus na cidade.

O estudo compreende o período de março a julho de 2020 e conclui que a maior parte das decisões do poder público entre meados de maio e julho foram no sentido contrário à situação epidemiológica. Isto é, quando o índice de contaminação passou a aumentar, houve relaxamento nas medidas de distanciamento social.

Para analisar o impacto, os pesquisadores usaram o índice de reprodução do vírus, denominado de “R”. Funciona em proporcionalidade: quando o R é igual a 2, significa que 1 pessoa transmite o vírus para 2 pessoas; quando é igual 1, transmite só para outra, e assim por diante. Desse modo os pesquisadores avaliam que quando o R é maior do que 1, deve-se aumentar o isolamento social, porque há maior transmissão do Sars-Cov-2. Quando o índice for menor que 1, as medidas podem ser de flexibilização.

gráfico relacionando curva de casos com decretos adotados
Para os pesquisadores, medidas de isolamento foram mais consonantes com a situação epidemiológica no início da pandemia – Reprodução/CSC
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Com base nesses critérios, o grupo compilou os decretos municipais em Florianópolis para avaliar se eles eram adequados ou não para o momento. Segundo os pesquisadores, “enquanto em 50% das situações analisadas no primeiro bimestre houve consonância entre a situação epidemiológica e a tomada de decisão, apenas 20% das situações foram consonantes no segundo bimestre”.

“Ao se analisar a relação entre o potencial de propagação do vírus SARS-CoV-2 em Florianópolis e a tomada de decisão do governo municipal quanto ao distanciamento social observou-se proporção maior de dissonância no segundo bimestre de análise. Essa dissonância ocorreu no momento em que o número de casos no município aumentou de cerca de 25 casos novos diários para mais de 150. Esse pode ser um indício de que é necessário maior alinhamento entre a tomada de decisão e a situação epidemiológica, de forma a possibilitar o controle da epidemia”.

O estudo, disponível em versão preliminar neste link, alerta que o impacto das medidas mais recentes ainda será refletido nos próximos meses.

No momento, Florianópolis e região estão sob novas medidas de isolamento, não contempladas no estudo, que leva em consideração dados de 1º de fevereiro e 14 de julho.

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