Profissionais de saúde e idosos em instituições: os primeiros vacinados em São José e Florianópolis

    Enquanto governo federal bate cabeça na diplomacia para conseguir mais doses, prefeituras fazem o que podem com o que têm

    O idoso Odir Hass, de 80 anos, que reside desde 2008 na Orionópolis Catarinense, em São José, recebeu a dose na própria instituição – PMSJ/Divulgação/CSC

    Os primeiros vacinados em São José e Florianópolis exibem o sorriso de alívio de quem pode estar livre da Covid. São essencialmente profissionais de saúde e idosos em instituições de longa permanência.

    A primeira pessoa vacinada em Florianópolis foi uma técnica de enfermagem que está desde o início da pandemia trabalhando na linha de frente contra a Covid-19. Nadir da Silva, de 49 anos, foi vacinada em seu local de trabalho na manhã de terça. Em São José, no mesmo dia, a primeira a ser imunizada foi a enfermeira Mariliz Cabral Broering Diener, responsável pelo Centro de Referência.

    enfermeira mariliz é a primeira a receber dose de vacina contra coronavírus em são josé
    Enfermeira Mariliz foi a primeira a receber vacina de coronavírus em São José – PMSJ/Divulgação/CSC

    Em Florianópolis, José Antônio Felicetti, de 61 anos, e que estava há 10 meses em ser ver as filhas, foi um dos primeiros idosos a serem vacinados em uma instituição de longa permanência. José contou sobre suas expectativas ao receber a dose: “Depois da vacina poderemos nos abraçar e eu poderei finalmente ver milhas filhas. Estamos muito emocionados, sou muito agradecido aos profissionais de Saúde”, disse Felicetti. “A gente sente falta e como sente falta de um abraço e do calor humano, isso é insubstituível. Estou muito feliz e quero transmitir essa alegria para todos”, disse Almir Passos Costa, de 61 anos, também imunizado.

    Emocionado, Seu José recebe a vacina e pode rever e abraçar as filhas – Chaiana Muller/PMF/Divulgação/CSC
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    Em São José, nesse primeiro momento, a estimativa é vacinar 531 pessoas que vivem em instituições de longa permanência e 3.306 profissionais de saúde – no total 4.040 doses para cidade, considerando um adicional de 5% que é calculado em campanhas de imunização por conta de perdas.

    A secretária municipal de Saúde de São José, Sinara Simioni, detalha a aplicação desse primeiro lote: “A expectativa da Secretaria Municipal de Saúde é que em três dias façamos essas aplicações. Nesta terça-feira, a equipe de profissionais está percorrendo as 24 instituições de longa permanência para administrar as doses da vacina. E hoje ainda devemos concluir essa imunização nas ILPs. Na quarta e na quinta, a vacinação será realizada nos locais de trabalho dos profissionais de saúde que atuam nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs)”.

    Na capital, a quantidade foi de 4.951, fora o adicional. Na manhã desta quarta-feira a prefeitura da capital destinou 176 doses para serem aplicadas em trabalhadores da Saúde da Upa Norte, 125 para a Upa Continente, 212 na Upa Sul e 49 em profissionais do Samu. Ao todo são 562 doses. Recebem a vacina os médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, dentistas, profissionais de limpeza, administração e demais profissionais que atuam no espaço.

    Os vacinados nesta etapa inicial devem receber a segunda dose da vacina Coronavac daqui duas semanas.

    profissional de saúde sendo vacinada no braço sentada em poltrona em consultório
    Dra Adriana Vasconcellos, pediatra. Ela foi a primeira a ser vacinada na UPA Norte. É a servidora que trabalha há mais tempo em UPAS da Capital desde 10 de janeiro de 2005 – Chaiana Muller/PMF/Divulgação/CSC

    Quantidade é pequena

    Ainda que seja um lampejo de esperança, o primeiro lote de vacinas contra o coronavírus é apenas um balde de água contra um incêndio. O montante não representa nem 15% do que é necessário para a primeira fase de imunização em Santa Catarina, o que se reflete nos municípios. As prefeituras fazem o que pode com o que têm, priorizando os idosos, indígenas e profissionais de saúde.

    O Brasil todo está na expectativa de novas doses. O problema, porém, são os entraves do governo federal, que não se preparou politicamente para adquirir doses no mercado internacional e agora é deixado para trás. Ao longo dos anos, declarações do chanceler Ernesto Araújo, assim como do presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, contra países como a China ou Argentina fazem com que agora essas nações deixem de atender o Brasil com as doses ou fornecimento de insumos. Por enquanto, até a manhã dessa quarta-feira, não há perspectiva de novas doses para distribuição.

    Já o Instituto Butantan, responsável pela fornecimento das doses de vacina nesse momento no Brasil, pediu na segunda-feira à Anvisa autorização para de uso emergencial de 4,8 milhões de doses da Coronavac, prontas para distribuição. O pedido também envolve produzir nacionalmente 40 milhões de doses da vacina.

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