Retração da Lagoa do Peri força maior transposição de água de Santo Amaro da Imperatriz

    A retração do nível da água da Lagoa do Peri, que abastece o sul da ilha de Florianópolis, força a Casan a transportar mais água de outras regiões, tanto da ilha, quando da Grande Florianópolis. A companhia convocou coletiva de imprensa nessa quinta-feira (10/9) na estação de captação e tratamento de água na lagoa para mostrar as ações operacionais e campanha de economia para recuperar o manancial.

    A Lagoa do Peri já não dá mais conta de abastecer cerca de 141 mil moradores do Sul e do Leste da Ilha, assim a Casan complementa a oferta de água com captação em 12 poços do sistema do Campeche, que, no fundo, é o mesmo lençol freático que sustenta as grandes lagoas da capital.

    foto aérea da lagoa do peri com morro ao fundo praia na margem
    Lagoa do Peri já não dá mais conta de abastecer cerca de 141 mil moradores do sul e leste da ilha – Casan/Divulgação/CSC

    Mesmo que a chuva dos últimos dias e ações de redução da captação já resultem em uma leve recuperação da lagoa (a lâmina d’água subiu 24 centímetros nessa semana), a Casan planeja novas ações operacionais que tornem o sistema de abastecimento Costa Sul-Leste ainda menos dependente dessa massa de água doce. Normalmente a profundidade da Lagoa do Peri está acima de 2,2m, mas desde novembro de 2019 que não ultrapassa os 2 metros.

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    Por isso, diante dos períodos de estiagem nos últimos anos, a captação na Lagoa do Peri vem sendo reduzida, com previsão de chegar a somente a 25% do habitual, diz a Casan.

    As duas principais soluções da empresa para não condenar a Lagoa do Peri são aumentar a oferta de água, com mais captações em poços e transposição de água da Grande Florianópolis, e campanha para tentar reduzir o consumo.

    A obtenção de água será ampliada em poços no Campeche e no Rio Vermelho, o que deverá reduzir em 55 L/s a captação na lagoa. O Sistema Integrado de Florianópolis terá mais uma adutora para o sul da ilha, que já abastece Rio Tavares e Tapera. Esse sistema, o principal da Grande Florianópolis, é o que capta água no Rio Vargem do Braço, em Santo Amaro da Imperatriz, e Cubatão, em Palhoça, e abastece a maior parte da região metropolitana. Para o sul da ilha poderá adicionar 30 L/s em épocas de estiagem.

    foto áerea do projeto de nova adutora no sul da ilha
    Nova adutora, com água captada em Santo Amaro da Imperatriz, deverá abastecer sul da ilha em épocas de estiagem – Casan/Divulgação/CSC

    Racionamento

    Segundo a Casan, se o racionamento de água for uma medida imprescindível para preservar a Lagoa do Peri, essa hipótese será levada adiante. A possibilidade é constantemente estudada pela companhia. Não foi adotada ainda porque afetaria com mais intensidade os bairros mais distantes (final de rede) e residências em locais mais altos, como morros.

    Sobre a salinização a companhia afirma que não há possibilidade, uma vez que tem monitorado constantemente esse índice, sem aumento da quantidade de sal na água da Lagoa do Peri.

    Campanha

    Os 200 maiores consumidores de água do Sul e Leste da Ilha receberão uma revista com informações sobre as ações para recuperação da Lagoa do Peri. A campanha da Casan também reforça a necessidade de uma mudança na cultura de uso da água.

    Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br

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