Reunião pública discute questão de pessoas em situação de rua em São José

morador deitado em calçada em campinas, são josé
Pessoas morando nas ruas de Campinas cometem pequenos furtos e incomodam a vida dos residentes do bairro em São José - Divulgação/CSC

A câmara de São José realizou nesta terça-feira (4/5) uma reunião pública com representantes, entre eles secretarias, Ministério Público (MP), defensoria pública e associação de moradores, para falar da questão dos moradores em situação de rua no município. Na última semana, os vereadores e prefeitura discutiram a questão com o secretário de assistência social, Lédio Coelho. Segundo ele há uma população de rua de 300 pessoas no município.

Associação de moradores

O presidente da associação moradores de Campinas, Érico Koenig, contextualiza que a população em situação de rua no bairro vem crescendo nos últimos tempos. Ele informa que vai enviar ofícios para as secretarias para buscar soluções para questões como a coleta tardia do lixo, que acaba revirado pela população, além de problemas de segurança e saúde. Daniela Stalter, representante da associação de condomínios Campinas e Kobrasol e da página “Calamidade”, diz que o objetivo dos moradores são mudanças efetivas na área da saúde, segurança e assistência social, para promover limpeza e sensação de segurança.

Ministério Público

A promotora de justiça do MP, Marcia Arend, afirma que instalou procedimento para averiguar denúncias de pessoas em situação de rua que estariam obrigando comerciantes e moradores a desembolsarem valores para não terem a frente de suas casas/comércios degradados ou sujos. O promotor Cristian Stahelin, da promotoria de São José, acrescenta que em 2018 um procedimento relacionado foi arquivado na época, mas nesta semana ele desarquivou com as novas informações de Arend.

Defensoria Pública
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Ana Paula Fischer, defensora pública estadual, comenta sobre o projeto “defensoria com a rua”, que leva consultoria jurídica e assistência para a população de rua in loco, no centro Pop e na casa de apoio. Ela defende que são necessárias ações efetivas de mais de uma pasta e que é preciso ver o que já foi realizado em outros lugares o que deu certo ou não. Fischer argumenta que ações violentas e truculentas faz com que essas pessoas voltem mais marginalizadas à rua. Além disso, a defensora diz que é preciso ressocializar essas pessoas, com medidas de segurança alimentar, saúde, políticas habitacionais e inclusão no mercado de trabalho.

Prefeitura

O secretário de assistência social, Lédio Coelho, informou que hoje, em São José, não são só pessoas em situação de rua, mas famílias. Ele cita que isso é agravado por questões como desemprego e fome. A secretaria busca ouvir esse público e encaminhar para mercado de trabalho e auxilia com a documentação, mas, segundo ele, não conseguem atender que não quer atendimento. O secretário ainda comenta que há um preconceito da sociedade com os serviços a essa população.

O coronel Vânio Dalmarco, secretário de segurança pública, diz que o problema da população de rua é crônico e quando o social não resolve a questão vai para a segurança. Ele ainda cita o “ciclo criminoso” do furto de fios de cobre, em que as câmeras flagram as ações e as vendas na comunidade Chico Mendes, na divisa com Florianópolis, para possivelmente comprarem drogas.

O secretário de Segurança de Florianópolis, Araújo Gomes, também presente, disse que a divisa entre os municípios não faz diferença para essas pessoas. “Nós estamos já algumas semanas com uma força-tarefa fazendo levantamento de inteligência sobre as questões que afetam Florianópolis e São José e vice-versa, basicamente sobre as manchas criminais, como os locais de queima, os locais de recepção e os locais de venda de ferro-velho estruturados”.

Vereadores

Os vereadores de São José, anfitriões da reunião, se manifestaram sobre o assunto, como na reunião da semana passada.

Cryslan (Novo): “Peço que a representante dos moradores de Campinas compartilhem com a gente as propostas para o local, principalmente naquele local que está sendo conhecido como a nova cracolândia da Grande Florianópolis”.

Rodrigo de Andrade (PSD): “Falta segurança das pessoas em caminhar à noite. Perdemos o direto de ocupar a cidade em detrimento de poucos. A gente tem que sair desse campo de discussão para ir pro campo da prática”.

Alexandre Cidade (MDB): “Poderíamos criar trabalhos voluntários em parceria com a prefeitura, para dar oportunidade a essas pessoas”.

André Guesser (PDT): “A gente precisa de fato um trabalho multisetorial, não adianta a gente ficar falando só de segurança, porque aí a gente nunca vai chegar na ponta do problema”.

Marcus de Andrade (PL): “Havia esse programa ‘O Crack é Possível Vencer’, (…), o projeto está lá, acho que os órgãos tem que fazer essa força-tarefa”.

Jandir da Rosa: “Eu sou ex-morador de rua, morei 45 dias na rua. É fundamental conversar com os moradores de rua. É indo debaixo dos viadutos e pergutando se eles querem sair dessa vida.”

Confira como foi a reunião na CMSJ

 

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