Antonieta de Barros, 1ª mulher negra eleita no Brasil, é reconhecida como heroína nacional

    Catarinense foi incluída no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria, o chamado "livro de aço"

    O nome da primeira mulher negra a ser eleita deputada no Brasil agora está no livro dos Heróis e Heroínas da Pátria: a catarinense Antonieta de Barros, que foi deputada estadual eleita em 1934. A lei que inclui e torna Antonieta como heroína brasileira foi sanciona pelo presidente, Lula, nesta quinta-feira (5/1).

    Antonieta de Barros sempre teve seu nome marcado na história estadual. A professora e jornalista nasceu em Florianópolis, em 1901. De origem humilde, é reconhecida por muitos como uma figura revolucionária. Filha de escrava liberta e órfã de pai, Antonieta teve uma infância muito pobre e difícil. Fundou a própria escola, onde deu aulas para moradores carentes (adultos e crianças) na antiga Desterro. Dedicou-se principalmente na luta contra os preconceitos de cor, classe e gênero no Brasil, e no combate ao analfabetismo de pessoas em vulnerabilidade social.

    Antonieta de Barros é incluída no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria
    Antonieta de Barros é incluída no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria

    Foi alfabetizada pelos próprios estudantes que moravam em sua casa — uma pensão fundada por sua mãe para complementar a renda —, e continuou estudando até se tornar jornalista, professora e política, com principais bandeiras de educação para todos, valorização da cultura negra e emancipação feminina.

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    Na década de 1930, quando se elegeu deputada, o envolvimento das mulheres na política ainda era raro. Por ser negra, ter sido eleita na época foi um feito inédito. Enquanto parlamentar, Antonieta foi autora da Lei que criou o Dia do Professor, celebrado nacionalmente em 15 de outubro.

    Antonieta trabalhou na elaboração da Constituição de Santa Catarina em 1935, tendo escrito os capítulos “Educação e Cultura” e “Funcionalismo”. Ela atuou na assembleia até 1937, quando teve início a ditadura do Estado Novo.

    Além da militância política, Antonieta foi fundadora e diretora do jornal “A Semana” entre 1922 e 1927, em que expressava seus ideais de educação, política, emancipação feminina e combate ao racismo.

    Em 1945 voltou a concorrer a deputada estadual, eleita suplente. Assumiu em 1947 e cumpriu o mandato até 1951. Após lecionar em várias escolas, Antonieta criou seu próprio colégio, do qual foi diretora até sua morte.

    Atualmente o auditório da Alesc é nomeado em homenagem à Antonieta, além de um programa de estágio para estudantes carentes, o prédio no Centro (ainda sem destino), o painel na Rua Tenente Silveira, entre outros equipamentos públicos.

    gigantesco mural de antonieta de barros em prédio no centro de florianópolis
    A florianopolitana Antonieta de Barros foi a primeira parlamentar negra do Brasil – Divulgação/CSC

    O Livro de Heróis e Heroínas da Pátria, também conhecido como Livro de Aço, está localizado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília. Os nomes dos homenageados que constam no Livro de Aço recebem o status de herói nacional, entre eles Tiradentes, Anita Garibaldi, Zumbi dos Palmares, Dom Pedro I, Santos Dumont, Marechal Cândido Rondon, Luís Gama e Ulysses Guimarães.

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