Depois de apagões, Hospital Regional de São José sofre com goteiras

    Historicamente voluntários se organizam para promover melhorias na principal unidade da Grande Florianópolis; governo afirma que vai resolver

    O Hospital Regional de São José é a principal unidade do SUS da Grande Florianópolis, responsável por atender grandes demandas de urgência, ambulatoriais e cirurgias. Após dois episódios de apagão durante a alta crise da Covid, causando pânico entre pacientes e equipes, o hospital sofre agora com goteiras nos dias de chuva. Não é de hoje, porém, que as condições de estrutura do Regional são críticas.

    Parte dos funcionários expõe na internet os problemas do prédio, com lonas por cima dos equipamentos e corredores com diversos panos para amenizar os alagamentos (veja vídeo ao final). Outra parte dos trabalhadores atua historicamente em arrecadações para melhorar as condições do Hospital Dr. Homero de Miranda Gomes e do Instituto de Cardiologia, anexo ao Regional.

    Rifa da associação

    A Associação Amigos do Hospital Regional de São José (Aamhor) realiza neste mês uma rifa e um bazar beneficente para arrecadar recursos para a unidade. O objetivo é destinar o valor para manutenção, reforma e readequação geral do hospital.

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    A rifa visa arrecadar recursos para consertos e manutenções do dia a dia do hospital, como em equipamentos quebrados, reformas estruturais, ampliações e um recente vazamento de água. Se vender todos os 10 mil números, que custam R$ 10 cada, o HRSJ alcançaria R$ 100 mil para os serviços. A estimativa, no entanto, é de que ocorra a venda de 70 a 80% dos números. Como os recursos repassados pelo estado são insuficientes para todas as necessidades estruturais, as arrecadações dos voluntários acabam cobrindo a demanda de manutenção do hospital regional e do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC).

    “A gente tenta ajudar na área que o governo não atua, nossa finalidade é o paciente, mas no fim a gente acaba fazendo coisa que não é nossa responsabilidade, como essas reformas e readequações. Como a gente vai deixar de ajudar se o beneficiário é o paciente? Seria função do governo do estado, mas não conseguem, então a gente não pode só ficar esperando. Nós da sociedade podemos nos mobilizar e cada um ir ajudando um pouco”, comenta um membro da Aamhor.

    O funcionário indica ainda que alguns problemas ocorrem pela estrutura ser antiga e faltam resoluções. “Tá com 34 anos de construção. Tu fica olhando e pensa ‘poxa, por que não aplicam um recurso maior?’. Tem médico que não consegue fazer cirurgia porque tá pingando dentro da sala, tá o telhado quebrado… são coisas que não se vê uma ação efetiva”.

    A Aamhor atende pacientes e familiares carentes do hospital e do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC), com a doação de kits de higiene, medicamentos, roupas, serviços de corte de cabelo e barba, entre outros, área que o governo estadual não tem atuação. O funcionário conta que os serviços de melhoria realizados pelos voluntários acabam gerando cobranças por ações da associação, que deveriam ser voltadas ao governo.

    “Médicos e enfermeiros vêm falar com a gente, perguntam se não tem como resolver ou por que não fazemos reforma em tal espaço, daí eu digo ‘não cabe a nós voluntários, tem que reclamar com a direção e levar à secretaria’. Confundem nós com o estado”, relata.

    Os recursos para reformas nas unidades geralmente vêm dos bazares, bianuais e com produtos apreendidos pela Receita Federal. Uma das obras custeadas pela Aamhor, em 2018, ampliou a unidade hemodinâmica do ICSC, que na época recebeu do governo do estado R$ 6 milhões para compra de equipamentos. Outras realizações da associação incluem reformas gerais nos ambulatórios, em ala do centro cirúrgico, em salas, entre outros espaços.

    Histórico recente do Regional

    Do ano passado até hoje, em meio à pandemia, o HRSJ passou por episódios de falta de energia elétrica, problemas no sistema de ar condicionado, superlotação dos leitos e fechamento da emergência pediátrica para atendimento de pacientes de Covid-19. Em abril, uma doação de R$ 67 mil, da Aemflo e CDL-SJ, já havia sido destinada ao hospital para compra de materiais de construção e equipamentos, que seriam destinados a reformas de leitos e salas de atendimento.

    Em resposta ao Correio sobre as ações do governo e planejamentos para as unidades, a SES fala que trabalha para “viabilizar com mais celeridade todas as necessidades das unidades próprias” e está preparando um termo de referência para a contratação de uma empresa que realize manutenção predial. “Devido essa necessidade de manutenção predial e para agilizar o processo de contratação, a SES está aderindo a uma ata de registro de preços, cujo o edital será lançado pela Secretaria de Estado da Saúde mais tardar na semana que vem”, explica em nota.

    Imagens das goteiras no Hospital Regional

    Por Ana Ritti – redacao@correiosc.com.br

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