Secretário adjunto diz que servidores de SC sofrem ameaças por enfrentar Covid

    A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa foi surpreendida com a informação de que as equipes técnicas da Secretaria de Estado da Saúde vêm sofrendo ameaças formais por manterem o enfrentamento da pandemia de Covid-19. A afirmação foi feita pelo secretário adjunto da pasta, Alexandre Lencina Fagundes, durante debate sobre a atual situação do enfrentamento da doença em Santa Catarina, nesta quarta-feira (9/2).

    De acordo com ele, as ameaças vêm sendo feitas por meio de mensagens eletrônicas. “Querem que as equipes não trabalhem do jeito que estamos trabalhando”, relatou. Segundo Fagundes, Santa Catarina não está vivendo um momento mais grave graças à vacina. “O momento atual é de certa estabilidade no número de casos, mas com um número bastante alto. É uma situação preocupante de alerta, pois temos prognóstico para aumento no número de internação e de óbitos. A secretaria está trabalhando nas frentes de assistência e fortalecendo todas as medidas de prevenção – uso de máscara, álcool gel e evitando aglomerações. Mas infelizmente estamos vivendo uma fase de fadiga de enfrentamento, a sociedade tem pouca adesão ao combate e ainda temos esse embate de comunicação. Infelizmente, pessoas da sociedade não têm conhecimento, embora a ciência e os números mostrem o contrário do que eles dizem”, destacou.

    O deputado Neodi Saretta (PT) afirmou que é fundamental combater as falsas informações, além de incentivar a sociedade a manter os cuidados básicos de prevenção. Para o deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB), o que está ocorrendo é uma campanha ostensiva que alguns grupos estão fazendo. “É ameaça física às pessoas que estão organizando o sistema de saúde. Isso é uma coisa grave. Estão querendo assustar ou bater em pessoas que estão se dedicando à proteção”, avaliou. O secretário adjunto comentou que, de fato, o que a secretaria faz é cumprir sua obrigação.

    Situação da pandemia

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    Os dados mostram 1.496.869 casos confirmados, com incidência de 20.914 casos de coronavírus a cada 100 mil habitantes. “O número de casos ativos é de 65.980. Uma redução de 17% em relação à semana anterior. Mas esses índices são muito superiores a qualquer média histórica mesmo nos piores da pandemia. Há uma tendência de estabilização na quantidade em praticamente todas as regiões de Santa Catarina, porém com números muito altos”, citou o superintendente de Vigilância em Saúde do Estado, Eduardo Macário.

    O superintendente informou ainda que foram confirmadas 20.764 mortes em Santa Catarina, com uma taxa de mortalidade de 287 óbitos a cada 100 mil habitantes. Nos últimos sete dias foram registrados 222 mortes, número 23% maior do que na semana anterior. De acordo com ele, as regiões do Alto Vale do Rio do Peixe, Extremo Sul, Carbonífera, Serra e Extremo Oeste são as principais em termos de mortalidade.

    Macário chamou atenção para o número de casos ativos, que é de mais de 65 mil. Uma quantidade muito superior ao dobro do que foi registrado em março de 2021, pior momento da pandemia. Todas as faixas etárias foram afetadas, mas o superintendente apontou que as pessoas de até 39 anos têm a maior taxa de transmissão, com mais de 40 mil casos em janeiro deste ano. “É um grupo que tem alta exposição ao vírus e, por conta disso, uma taxa de transmissão elevada. Sobre óbitos, o maior número aconteceu entre pessoas acima de 60 anos de idade. A maior parte delas não tinha completado o esquema vacinal com as duas primeiras doses e a dose de reforço”, contou.

    Dados da secretaria sobre vacinação trazidos à Alesc apontam que 74,5% da população – 5.404.177 catarinenses – estão imunizados com o esquema vacinal completo. Nas faixas etárias, pessoas acima de 18 anos têm o esquema primário completo, algo que acontece também entre metade população adolescente, de 12 a 17 anos de idade. “As crianças, de 5 a 11 anos de idade, são o nosso grande gargalo no momento. E isso é fruto de grande e intenso processo de fake news que têm sido feito de forma coordenada por diversos grupos que não querem debater e, sim, desacreditar as vacinas. Elas foram atestadas, passaram pelas fases clínicas e aprovadas por autoridades sanitárias e têm feito toda a diferença para todo o mundo. As pessoas vacinadas têm uma menor taxa de risco”, garantiu o superintendente.

    Em relação à dose de reforço, 61,2% dos catarinenses entre as faixas de 60 a 69 anos, 70 a 79 anos e de 80 anos ou mais já foram vacinados. “Mas 431 mil idosos ainda não receberam e estão vulneráveis, podem se infectar e ter uma probabilidade muito maior de morrer”, declarou Macário.

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    FONTEAgência AL
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