Caminhos para o desenvolvimento

estrada de cimento vista de baixo e do meio da pista que sobe um pequeno morro com árvores

Apesar de Santa Catarina, aparentemente, estar em uma posição economicamente privilegiada em relação a outros estados da nação, as questões nacionais têm afetado fortemente a nossa população e precisarão ser enfrentadas pelos próximos governantes locais com armas diferentes das até agora utilizadas, sob pena de aprofundarmos ainda mais o abismo social.

Nos últimos anos, as políticas de desenvolvimento, focadas em incentivos fiscais e alavancagem das atividades mercantis, teve como foco o aumento de arrecadação da máquina estatal. Atrair e facilitar a vida das empresas, centro do pensamento liberal, defendido como panaceia pela maioria dos grupos políticos que governaram o estado até o momento, mostra ter um efeito limitado. E as últimas estatísticas sobre a gravidade do desemprego no nosso quintal estão aí para comprovar isso.

Precisamos encontrar um caminho mais amplo, abrangente, que promova qualidade de vida não somente a partir do crescimento de alguns, mas de todos. Essa lógica, segundo a qual devemos, unicamente, fortalecer a atividade empresarial para, como subproduto disso, gerar empregos, é falaciosa. É um caminho tortuoso e cheio de desvios, por onde a riqueza, ao contrário de escoar livremente para todos os atores da atividade econômica, acaba pirateada por tantos atravessadores que, quando chega ao seu destino final, a sociedade, não passa de uma sombra do que era nas nascentes.

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A visão que precisamos desenvolver é outra, mais abrangente. Uma na qual reconheçamos que o que gera empregos não é o empresário. Empresário não gera emprego. O que gera emprego é a demanda. Quando pararmos de santificar, bajular e engrandecer essa figura chamada empresário e colocarmos o foco no lugar certo, talvez saiamos dessa lama.

Empresários, meus caros, afinal, também garantem seu trabalho (e sim, geram outros empregos no processo) quando a demanda cresce. Foi essa visão que fez, duas décadas atrás, um certo governo federal iniciar um processo lento de distribuição de renda, tornando os pobres um pouco mais capazes de participar da ciranda econômica, dando-lhes acesso aos itens básicos necessários a lhes aliviar a existência. Essa política, depois amplificada, provocou, em seu decorrer, um verdadeiro andar da carruagem. O aumento da demanda pelos itens básicos de sobrevivência deu lugar, então, ao aumento da demanda por utilidades para o lar, o que foi sucedido pelo aumento da demanda por serviços, lazer, automóveis, enfim, fez a roda girar.

Houve erros nesse processo, claro, e excessos, e desvios. Mas, precisamos observar além disso. Desprezar, momentaneamente, os atores envolvidos e nos concentrar na cena. E a cena mostra que, apesar de eventuais falhas, a fórmula estava menos errada do que a atualmente utilizada pelos nossos governantes. Políticas de fomento específico ao crescimento empresarial, embora eficazes para alimentar a máquina pública com mais impostos e recursos, são insuficientes para promover o verdadeiro desenvolvimento, aquele que possibilitaria, pela via da redução efetiva das desigualdades sociais, o aumento, não só da atividade econômica e do volume de empregos, mas, efetivamente, da qualidade de vida de todo o povo catarinense.

Pesquisas eleitorais

O virtual empate técnico entre os dois principais postulantes ao cargo de governador do estado (com vantagem para Décio Lima, do PT, com 16%, contra Mauro Mariani, do MDB, com 11%), divulgado na semana passada, não é definitivo e nem demonstrativo de tendência real. A mesma pesquisa mostra que 57% dos catarinenses ainda não tem a menor ideia sobre em que candidato votar. Menor ainda é a quantidade de pessoas que já sabe quem serão seus escolhidos ao Congresso e Assembleia Legislativa.

O desinteresse da população pela política local é um fenômeno nacional, que se repete aqui. Desde o início da Operação Lava Jato, o foco da atenção de todos está concentrado na política do governo central. O grande desafio dos candidatos, portanto, está sendo atrair o mero interesse do eleitor.

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