Por segurança, prefeitura pretende manter restrições no Carnaval de Florianópolis

Carnaval Florianópolis 2023 no Sambaqui
Bloco Engenho de Dentro, no Sambaqui - Foto: Pedro Perez/PMF

A prefeitura de Florianópolis e a Polícia Militar de Santa Catarina avaliam de forma positiva o Carnaval 2023 da cidade, em uma edição de retorno após os anos de restrição pela pandemia.

Por conta dos resultados considerados bons na segurança, limpeza e movimentação econômica, o modelo de blocos de ruas com restrições de horários e colocação de gradis deve ser ampliado em mais bairros no ano que vem.

Para o bem ou para o mal, a restrição foi destaque nesse Carnaval da capital catarinense. A Polícia Militar e a prefeitura decidiram fazer uma retirada de foliões dos locais de blocos após os encerramentos e a medida foi considerada polêmica pela tradição da maior festa popular da cultura brasileira em tomar as ruas sem hora para término. A partir da meia-noite, principalmente no entorno da Avenida Hercílio Luz, no Centro, a tropa começava a dispersão das pessoas. Bares que tinham alvarás de funcionamento até 2h também tiveram que fechar antes.

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Cabe lembrar que esse procedimento já tem ocorrido ao longo do ano quando há aglomero nessa região do Centro Histórico. A polícia passa com viaturas e homens com cacetetes à mão “estimulando” a saída.

Em Santo Antônio de Lisboa, porém, a medida de dispersão deu errado na primeira noite, de sexta (17). Uma hora após o fim do bloco um grupo de moradores queria passar para acessar o Sambaqui, enquanto foliões ainda permaneciam no entorno do centrinho do bairro. Com o impedimento da passagem houve desentendimento e a partir daí uso da força policial, com bombas de efeito moral, gás de pimenta e alguns apando de cacete, resultando em uma violência desnecessária. Em explicações, Militares repetiram a versão de que um grupo de foliões bêbados teria arremessados objetos primeiro. Um policial foi ferido. A comunidade não gostou. Nos outros dias o bloco se desenrolou a acabou de forma pacífica.

Para o futuro

De acordo com o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (22) de cinzas, o saldo do Carnaval é de uma cidade limpa no dia seguinte, sem registro de violências graves, hotéis cheios no norte da ilha e possibilidade de ampliar o período como um produto turístico do estado para o próximo.

Coletiva de imprensa sobre Carnaval em Florianópolis
Topázio: “organizamos a cidade de forma democrática, pra quem faz festa e pra quem não faz” – Foto: Lucas Cervenka/CSC

De fato a cidade não teve registro de homicídio, latrocínios ou grandes brigas generalizadas nos blocos desse ano. A possibilidade de a Comcap iniciar logo a limpeza com jateamento das ruas, também por causa de urina, e a grande quantidade de lixo coletado para reciclagem (renda), também é considerada positiva. Como lado negativo houve o aumento no furto de celulares. PM e Polícia Civil não confirmaram a quantidade de ocorrências do tipo.

A prefeitura pretende, para o próximo Carnaval, ampliar a gratuidade do transporte coletivo para o sábado e iniciar mais cedo as preparações com blocos e repasses às escolas de samba, além de considerar a volta dos desfiles das campeãs. Sobre isso, o prefeito disse: “o desfile de uma escola de samba custa R$ 1 milhão. Priorizamos os bairros. Mas para o ano que vem pensamos em ter o desfile das campeãs”. A realização depende de mais fontes de patrocínio (públicas ou privadas) e a articulação com as agremiações.

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Áreas cercadas

Questionadas se haverá a colocação de cercas (gradis) em áreas públicas de Florianópolis para o próximo Carnaval, a prefeitura e a Polícia Militar responderam que o modelo deve não apenas continuar, como ser ampliado. Confira o que disseram os representantes.

Topázio Neto: Estamos fazendo essa avaliação. Agora vamos levantar todos os pontos positivos, uma avaliação que a gente já fez é: o Carnaval do Centro será um Carnaval só. Hoje a gente tem o carnaval da Hercíli Luz, do Centro-leste e na arena. Talvez no ano que vem isso seja um Carnaval único, não necessariamente uma área única, mas administrada de uma forma única. Alguma programação simultânea em cada um para que a gente possa dividir os públicos. Então, eventualmente, um tipo de artista se apresentando na Hercílio Luz, no Centro-leste, outro no Centro da cidade, para que a gente possa ter uma divisão maior. Então essas avaliações a gente está fazendo. O que a gente viu é que não tivemos nenhum tipo de ocorrência. As pessoas puderam se divertir o quanto quiseram, no mesmo espaço.

Dhiogo Cidral (comandante batalhão do Centro): em 2020 tivemos um homicídio na Hercílio Luz que maculou o Carnaval. A dinâmica de instalação de gradis não é para restringir as pessoas acessarem o espaço, mas sim dar todo o conforto e segurança no acesso. Como a gente faz muitas vezes de entrar num camarote, porque se sente mais seguro, essa é a dinâmica. Então acho que não foge numa programação para o futuro, extensiva de outras áreas colocar gradil.

Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br

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