Maternidade do HU funciona apenas por encaminhamento de pacientes de outras unidades

    Restrição nos atendimentos pode comprometer outras unidades

    Desde 5 de setembro o atendimento para gestantes e mulheres com problemas ginecológicos no Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (o HU da UFSC) foi reduzido. A maternidade passou a funcionar em regime de referenciamento, o que significa que as pacientes só são atendidas quando encaminhadas por outras unidades.

    Os motivos citados pela Ebserh, administradora do hospital, para a restrição foram sobrecarga de partos e atendimentos, regulação das demandas, dificuldades de recursos, adequação às condições de ensino, dentre outros. A única possibilidade de uma gestante ser atendida diretamente seria se “chegasse ganhando seu bebê”.

    O Comitê Floripa Pela Vida, grupo de profissionais de saúde em Florianópolis, emitiu carta pública na última semana alertando para a urgência do reestabelecimento do serviço completo no HU. “Se por um lado compreende-se a grande dificuldade e sobrecarga que enfrentam os profissionais de saúde e serviços em geral, por outro lado nos preocupa o legítimo acesso da gestante ao cuidado”.

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    Mais recentemente, a situação no HU se agravou, com o fechamento da emergência obstétrica. O comitê, em sua avaliação, afirma que isso compromete também o atendimento na rede de maternidades em Florianópolis. “Embora haja outras maternidades muito boas na região, que em conjunto são as responsáveis por nossas gestantes, todas se encontram sobrecarregadas, fato citado pelo próprio HU. Com a redução destas vagas, as gestantes procurarão outras maternidades e as encontrarão já superlotadas, agravando ainda mais o problema”, avalia o comitê.

    O grupo de profissionais pede por providências imediatas para reestabelecer os serviços obstétricos e ginecológicos no hospital da UFSC, avaliando que, mesmo quando há sintomas de risco à paciente, a necessidade de atendimento especializado obstétrico é primordial – “significa a chance única de salvar a vida de uma criança e, por vezes, de sua mamãe”.

     

    Assim como os profissionais devem ter carga de trabalho e remuneração dignos, as gestantes devem ter garantido seu atendimento, conforme suas necessidades. Assim, é preocupante exigir encaminhamento em situações óbvias de risco, tais como sangramento, perda de líquido e diminuição de movimentação fetal. O tempo investido em conseguir um burocrático “papel” pode custar a vida de seu bebê, quando não a sua própria.

    A maternidade do HU tem capacidade para 150 partos por mês, mas, segundo a direção, desde o final de 2021 registrou aumento na demanda na ordem de 60% e as restrições seriam para adequar o atendimento, que ainda não foi normalizado após 2 meses de redução.

    Por ora a direção do HU optou não comentar sobre o problema. O hospital universitário nos últimos meses tem passado por mais restrições de atendimento, principalmente na emergência, por falta de pessoal.

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