Servidores da Comcap entram em greve e protestam em frente às redações de imprensa

Por Ana Ritti – redacao@correiosc.com.br

Depois da paralisação de 24 horas, os servidores da Comcap deliberaram pela greve por tempo indeterminado nesta quarta-feira (20/1). O Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem) é contra a reforma proposta pelo prefeito, Gean Loureiro, que reduz o pagamento de horas extras, férias, vale alimentação e auxílios dos funcionários da autarquia, com a justificativa de equiparar a remuneração dos servidores municipais.

Na segunda-feira (18/1), a câmara de vereadores se reuniu para formar comissão especial que vai analisar o pacote de reformas, que tramita em regime de urgência. O relator, vereador Renato Geske (PSDB), apresenta o parecer nesta quarta-feira e a votação será realizada na próxima segunda-feira (25/1).

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Entre as seis reformas apresentadas pelo prefeito, a mais sensível é a que determina “direitos iguais a todos os servidores da administração pública municipal direta, indireta, autárquica e fundacional”. Com ela, a Comcap passaria a ser vinculada nas atribuições legais à Secretaria de Infraestrutura e no cumprimento dos serviços à Secretaria de Meio Ambiente. Entre as várias medidas, a remuneração dos funcionários teria redução de 100% para 50% das horas extras trabalhadas, em dias de semana, e 100% em domingos e feriados. Já o vale refeição de R$ 28,50 para 30 dias do mês, passaria a ser por dia trabalhado, com R$ 18,15 em jornada de até 6 horas e R$ 21,25 além dessa carga horária.

O principal objetivo da prefeitura, na argumentação da própria, é cortar os salários mais altos dos cargos de gerência e reduzir em R$ 20 milhões ao ano a folha de pagamento. Também nesse sentido há uma proposta de venda de terrenos de propriedade da Comcap para injeção da verba em melhoria de equipamento.

Para o sindicato, os direitos foram conquistados em acordos assinados nos últimos anos. Hoje eles teriam uma assembleia unificada com a câmara de vereadores, mas o encontro foi cancelado. Amanhã, eles devem de reunir com o presidente da câmara, Roberto Katumi (PSD). Com a prefeitura, o sindicato informa que está exigindo tratativa e mais tempo para analisar o projeto, mas até então sem sucesso.

Ainda nesta quarta, os funcionários da Comcap realizaram um ato de repúdio na frente da sedes das redações de imprensa da NDTV e da NSC, no alto do Morro da Cruz. Eles reclamam do tratamento editorial, principalmente do grupo ND, “que não escuta os trabalhadores, que escuta o prefeito todos os dias na TV e nenhuma vez a categoria”, como explica a assessoria do Sintrasem, que pede direito de resposta e o mesmo tratamento editorial que Loureiro.

Ontem, a prefeitura retomou temporariamente a coleta de lixo com uma empresa privada, devido à greve. O Tribunal de Justiça do estado declarou que a greve é ilegal, sob multa diária de R$ 100 mil. O sindicato informa que até o início desta tarde não foi notificado.

Câmara contesta sindicato

Em nota, a Câmara Municipal de Florianópolis diz que não é verdadeira a informação de que o presidente Roberto Katumi não atendeu até o momento posição da categoria.

“Desde da última segunda-feira(18) estão sendo realizadas reuniões com os dirigentes sindicais e funcionários da Comcap juntamente com os vereadores Edinon Manoel da Rosa, Diácono Ricardo e Renato da Farmácia. Avançamos muito em relação às garantias de que não haverá perda salarial dos funcionários, mas infelizmente o sindicato não reconhece, pois afirma que a Câmara não acatou as reivindicações da categoria. E tenta dessa forma desacreditar diante da opinião pública e dos demais funcionários da autarquia que as reivindicações foram nulas”, diz a nota do legislativo florianopolitano, que acrescenta que a vem fazendo o seu trabalho de buscar um entendimento com a categoria.

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