CPI da Ponte Hercílio Luz é prorrogada por quatro meses

Há muitos documentos ainda a serem analisados e muitas testemunhas a darem depoimentos

cpi da ponte hercílio luz prorrogada 120 dias
CPI tomou mais dois depoimentos na reunião desta quarta-feira (5/6) - Foto: Solon Soares/Agência AL

Diante de novos documentos e da necessidade de mais depoimentos (na casa de dezenas de pessoas), os deputados que integram a CPI da Ponte Hercílio Luz aprovaram uma prorrogação do trabalho em 120 dias. A solicitação partiu do deputado Bruno Souza (sem partido), relator da CPI, e foi aprovada por unanimidade entre os presentes, na reunião da tarde desta quarta-feira (5/6).

“Surgiram novos documentos e contratos, aos quais não tivemos acesso inicialmente, a maior parte deles certamente desconhecidos da maioria das pessoas. São elementos novos que precisam de tempo para ser analisados, até para saber se haverá a necessidade de ouvir mais testemunhas”, justificou o relator.

Com a ampliação do prazo, a CPI terá entre o fim de outubro e o começo de novembro para concluir seus trabalhos. Ainda na reunião desta quarta, foi aprovada a convocação de mais seis testemunhas. São diretores de empresas que executaram serviços na Hercílio Luz, dois ex-secretários de Estado de Obras e Transportes e um ex-diretor-geral do antigo Departamento de Estradas de Rodagem (DER).

Mais depoimentos, poucas lembranças
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A comissão tomou nesta quarta mais dois depoimentos de ex-servidores do DER: os engenheiros civis  Ricardo Procopiak Saporiti e Fernando Vieira Torres.

Torres foi o primeiro a ser ouvido. Ele foi fiscal das obras de conservação da Ponte Hercílio Luz a partir de 1981 e afirmou não se lembrar até quando permaneceu nessa função. Durante o depoimento, o engenheiro disse também não se recordar de detalhes sobre as obras de conservação da ponte. “Faz quase 40 anos, muita coisa eu não lembro”, destacou.

Sobre o contrato com as empresas Usimec e Steimann, Torres informou ao relator que o contrato foi interrompido, mas não soube informar o motivo. “As decisões eram tomadas em escalões superiores e nada foi informado sobre a interrupção”, disse. “Que eu me lembre, não passou da fase de projeto, e nem chegou a ser executado.”

Questionado pelo relator Bruno Souza sobre o contrato de conservação com a Roca, Torres afirmou que fiscalizava os serviços realizados pela contratada, mas disse que não fazia relatórios sobre as vistorias. “A empresa mensalmente apresentava um relatório com a fatura [dos serviços realizados]. Fazia a conferência e se estivesse de acordo, assinava pelo pagamento da fatura”, comentou.

Já Ricardo Saporiti, que é servidor aposentado do DER, disse que foi fiscal de obras entre 1971 e 1973, mas não estava nessa função quando a ponte foi interditada, nos anos 1980. Ele não se lembrou que fazia parte de comissão de licitação para obras de manutenção e restauração, apesar de o deputado Bruno Souza ter afirmado que há portaria o designando para tal função.

Uma das empresas que atuou na ponte, a Roca, tinha como sócios dois primos de Saporiti. O engenheiro negou qualquer influência na contratação da empresa. “Tenho 50 anos de formado. Meu passado no serviço público não tem uma mancha na minha reputação profissional”, afirmou.

Saporiti declarou, ainda, que não acompanhava as obras de restauração da ponte, por não estarem vinculadas à sua área de atuação dentro do DER à época. “É muito difícil para qualquer profissional, num lapso de 30, 40 anos, recordar-se de detalhes. A pessoa vai ficando mais velha e, por natureza, mais esquecida”, comentou, ao final do depoimento.

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