Cobrada sobre ideais neonazistas do pai, Reinehr responde genericamente e pressão aumenta

Resposta, que deveria ter sido simples, tornou-se um escorregão para a governadora interina

daniela reinehr em frente a um microfone com painel de logos ao fundo
Daniela Reinehr tomou posse como governadora interina na terça-feira (27) - Maurício Vieira/Secom SC/Divulgação/CSC

Daniela Reinehr tomou posse como governadora interina nessa terça-feira (27/10), no lugar de Carlos Moisés. Dentre diversas perguntas sobre política, a mais espinhenta, do repórter Fábio Bispo, tratou dos ideais neonazistas do pai, Altair Reinehr, que assinou livros minimizando o holocausto judeu e relativizando o “trabalho” de Adolph Hitler.

A pergunta que, por enquanto, não quer calar: concorda ou não com as ideias neonazistas do pai? Quando respondeu, Daniela girou em falso em generalidades em uma resposta pronta. Disse que não quer ser julgada e responder pelos atos de terceiros, fazendo referência ao processo de impeachment de Moisés e à sua própria absolvição, que quer zelar pela família e que defende as liberdades, além de ser contra regimes autoritários.

A resposta deveria ter sido simples, mas escorregou. A repercussão está maior nacionalmente, ainda no bojo de um candidato a vereador em Blumenau, Wander Pugliesi, o “nazista da piscina”, colocar Santa Catarina em uma espécie de radar de neonazista, dando margem à generalização contra o povo daqui. Daniela perdeu uma boa chance de dar um basta.

Publicidade

A resposta foi considerada vaga por parte da população e da imprensa nacional, o que faz aumentar a necessidade de uma resposta clara. Há quem considere a cobrança exagerada, mas já começa a ser uma coceira maior do que o esperado para a governadora.

Não é de hoje que sabe-se sobre a existência de grupos neonazistas em Santa Catarina (assim como em todo o país). Os casos no estado, que afloram publicamente de vez em quando em uma apreensão pela Polícia Civil de bandeiras do terceiro reich e livros revisionistas, envergonham qualquer catarinense decente.

Cobrada nacionalmente, agora é a vez de Daniela se voltar contra o pai, por mais que a família seja sagrada, e contra toda tentativa de relativizar o nazismo. Altair publicou livros tentando mostrar um “outro lado” do ditador responsável pelo genocídio de seis milhões de pessoas, foi testemunha de defesa na justiça de processo contra o dono da Editora Revisão e tem foto todo contente em frente à casa onde nasceu Hitler.

O caso é claro do que se confunde de liberdade de expressão com permissão às ideologias de ódio. Não é um simples respeito às diferenças. Para quem quer “melhorar a política” do governo, não pode haver área cinzenta em questões como essa.

Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br

Publicidade
COMPARTILHAR