Gaeco detalha operação que apreendeu adolescente por incentivar ataques às escolas

Jovem era um dos 10 que postava "apoio" à violência; "temos como identificar", diz promotor

Policiais entregam apreensões na Operação Escola Segura
Policiais entregam aparelhos eletrônicos apreendidos na Operação Escola Segura em etapa realizada em SC e mais quatro estados nesta quarta (19) - Foto: Ricardo Wolffenbuttel/Secom SC

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), através de sua divisão cibernética, o CyberGaeco, atuou em conjunto com o Ministério da Justiça e demais polícias civis de outros estados na Operação Escola Segura nesta quarta-feira (19/4), em que foram apreendidos 10 adolescentes em cinco estados. Um desses adolescentes, que não teve a idade precisa revelada, foi apreendido em Blumenau. Em coletiva de imprensa na Secretaria de Segurança Pública de SC ao final da manhã dessa quarta MPSC e Polícia Civil, através da Deic, detalharam a ação.

Segundo as autoridades todos os envolvidos postavam em redes sociais ameaças genéricas contra escolas e incitavam que mais pessoas praticassem violência. A disseminação dos discursos de violência não estaria diretamente ligada ao planejamento de um ataque, como o ocorrido há duas semanas em Blumenau, mas “era o primeiro passo”, conforme classificou o promotor de justiça Marcio Cota: “Não podemos causar pânico à população. Só que nós temos que observar e levar em conta toda ameaça, por mais bravata que seja. Nós temos que investigar e ver se é brava mesmo ou se isso tem chance de se concretizar”, disse o coordenador do Gaeco em SC.

Além da apreensão em Blumenau, foram mais 8 adolescentes e uma criança apreendidos no Paraná (2), Pernambuco (3) e São Paulo (4) – os jovens têm entre 13 e 17 anos e a criança tem 11 anos, segundo Cota. Mais dois adultos estão envolvidos nas postagens e em investigação.

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A investigação partiu de uma busca pelos termos utilizados normalmente nesses tipos de ameaças, como “massacre” e “ataques”, o que levou às postagens em uma rede social de grande porte, sem ser revelada o nome. Segundo o CyberGaeco, que envolve Polícia Civil e Ministério Público, além de outras instituições de segurança, o trabalho nacional tem apoio de órgãos dos EUA para identificação precisa de quem escreveu as ameaças, ainda que usem algum tipo de apelido na tentativa de se manterem no anonimato. As empresas, como a Meta, têm colaborado para fornecimento de dados que ajudem a achar esses indivíduos.

Representantes do CyberGaeco sobre Operação Escola Segura
Representantes do CyberGaeco falam sobre Operação Escola Segura em SC – Foto: Lucas Cervenka/CSC

“Temos como localizar os autores que postam essas ameaças. A internet deixou de ser um local anônimo que cada um posta o que quer”, disse Cota. O promotor Diego Barbiero complementou: “Esperamos transmitir à sociedade esse recado: a internet pode trazer escudos de proteção, mas com a metodologia adequada, com profissionais capacitados, e com esforço conjunto, conseguimos identificar os autores”.

O delegado-geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, afirmou que o grupo não planejava concretamente um ataque, mas mesmo essas ameaças são passíveis de internação e acompanhamento psicológico. “Quando se fala em atos infracionais graves pode-se aplicar a internação preventiva desse adolescente, não tem prazo mínimo, o prazo máximo é de três anos e a cada 6 meses tem que ser avaliada. Não quer dizer que esse adolescente vai ficar impune”.

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Operação Escola Segura

A Operação Escola Segura é uma articulação nacional do Ministério da Justiça e Segurança Pública contra ameaças. Segundo a pasta, até terça-feira (18) já haviam sido apreendidos 255 adolescentes em todo o país pelas práticas de discurso de violência incentivando ataques. A investigação ocorre majoritariamente na internet.

Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br

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