Palhoça e Santo Amaro flexibilizam restrições no comércio e descumprem acordo regional

    Com promessa de leitos hospitalares, prefeitos ignoraram acordo regional e se alinharam às regras estaduais, menos restritivas

    duas fotos dos prefeitos de palhoça e de santo amaro da imperatriz
    Freccia e Costa conseguiram leitos para as cidades e desembarcaram do consenso regional de regras contra Covid - Divulgação/CSC

    Os prefeitos de Palhoça, Eduardo Freccia (PSD), e de Santo Amaro da Imperatriz, Ricardo Costa (MDB), flexibilizaram nesta sexta-feira (19/3) as regras municipais que restringiam o horário de funcionamento do comércio. Em Palhoça foi determinada a vigência apenas das regras estaduais, que são menos restritivas, e em Santo Amaro foi alterado o decreto municipal.

    As regras que estavam em vigor em Palhoça e Santo Amaro da Imperatriz desde terça-feira (16) até a próxima (23) são as mesmas para a região, que foram estabelecidas em acordo entre as 22 prefeituras da Grande Florianópolis após cinco dias de reuniões. Com a decisão, Freccia e Costa descumprem o acordo e o esforço regional para enfrentamento da pandemia, no vácuo da responsabilidade transmitida aos prefeitos pelo governo de Carlos Moisés, já que as regras do estado pouco dão conta de fazer baixar a curva de contágio e reduzir a quantidade de mortes.

    O prefeito Freccia foi um dos prefeitos que desde o início do grupo integrado para ações contra a Covid na Grande Florianópolis não aceitava regras mais restritivas do que as do estado. Por conta de divergências como essa, o grupo levou dias para estabelecer um conjunto de regras que deveria durar uma semana. As regras conjuntas são importantes, especialmente na junção das maiores cidades da região metropolitana, que somam 1 milhão de habitantes, porque toda a faixa urbana é contínua e a circulação do vírus é indiferente aos limites municipais.

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    Palhoça não tem hospital na cidade para tratar os casos graves de Covid e demais demandas da saúde, o que significa que os moradores precisam buscar o serviço especializado em outras cidades. Nessa semana, os prefeitos conseguiram apoio do estado para instalação e ampliação de leitos hospitalares nos municípios. O estado promete até abril instalar 20 leitos clínicos na UPA da Praia do Sonho, em Palhoça, e 40 leitos no Hospital São Francisco de Assis, em Santo Amaro, que está com altíssima demanda. O hospital inclusive pede doações para conseguir comprar medicamentos e manter o tratamento de pessoas com Covid, principalmente para os casos intubados.

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    A decisão dos prefeitos não representa na prática ampliação do horário de funcionamento de serviços não essenciais, como academias e restaurantes. O comércio e estabelecimentos gastronômicos, que poderiam abrir só até às 18h, poderão funcionar até às 22h.

    Mas, politicamente, a ruptura de um consenso sobre agir conjuntamente contra o vírus pode significar a continuidade do quadro crítico na região, que tem 73 pacientes graves na fila de espera por um leito de UTI somente no SUS e cerca de 5 mil casos ativos de coronavírus. Palhoça tem 1.040 pacientes em tramento ou isolamento e Santo Amaro tem 420. Na capital são 2.574 infectantes no momento e em São José 565. Ao menos 167 desses pacientes com Covid estão em UTIs públicas da região.

    Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br

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