Perícia confirma morte de jovens da BMW por inalação de monóxido de carbono

Mecânicos que fizeram a modificação poderão ser indiciados, diz delegado

BMW onde estavam jovens que morreram após parada cardiorrespiratória
BMW onde estavam 4 jovens que morreram após parada cardiorrespiratória - Foto: PM/Divulgação/CSC

Quatro jovens encontrados mortos dentro de uma BMW em Balneário Camboriú na manhã de 1º de janeiro faleceram devido à asfixia por monóxido de carbono, conforme confirmado em uma coletiva de imprensa conduzida pelas autoridades de Santa Catarina nesta sexta-feira (12).

A suspeita inicial de envenenamento pela substância foi corroborada por laudos da perícia durante a investigação, revelando que o gás escapou pelo sistema de ar-condicionado do veículo, que havia passado por pelo menos três modificações. O composto químico, altamente tóxico e inodoro, foi encontrado no sangue das quatro vítimas.

A investigação está em curso, e o delegado Vicente Soares indicou que os responsáveis pelas alterações na BMW podem enfrentar acusações de homicídio culposo. Os mecânicos ainda serão ouvidos durante o inquérito.

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Gustavo Pereira Silveira Elias (24 anos), Karla Aparecida dos Santos (19 anos), Tiago de Lima Ribeiro (21 anos) e Nicolas Kovaleski (16 anos) foram encontrados desmaiados dentro do veículo estacionado na rodoviária de BC por uma amiga, Geovana, que ficou esperando do lado de fora, na rodoviária, após chegar de ônibus e sem saber do vazamento de gás.

Segundo a testemunha, que era namorada de Gustavo, o grupo chegou para buscá-la por volta de 3h e alegaram que já estavam passando mal, mas achavam que poderia ser por causa de consumo de cachorro-quente. O grupo de 4 jovens ficou então no carro com o ar-condicionado ligado, enquanto a moça esperou fora. Por volta das 7h resolveu ver como estavam e encontrou-os desmaidos. Acionadas, as equipes de emergência logo chegaram, mas não conseguiram reverter as paradas cardiorrespiratórias por causa da alta ingestão de monóxido de carbono.

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Alterações causaram as mortes

O Setor de Engenharia Forense da Polícia Científica realizou uma série de exames periciais no veículo onde se encontravam os jovens, contando em alguns deles com o suporte e apoio técnico da empresa fabricante. Durante os trabalhos foram identificadas quatro alterações na estrutura original, realizadas com o propósito de aumentar a potência e o ronco do motor.

Uma delas consistiu na retirada de uma peça original do veículo onde se encontra o catalisador, sistema que elimina até 90% do monóxido de carbono gerado pelo motor, dando lugar a peça similar conhecida como downpipe. No entanto, além de não apresentar o sistema de filtragem dos gases, o novo componente se rompeu durante o uso e provocou a saturação do ambiente interno do veículo com monóxido de carbono, fato causador das mortes.

De acordo com a Divisão de Engenharia Forense da PCISC, ao medir o nível de monóxido de carbono no interior do veículo, com o ar-condicionado ligado, em 16 minutos foi obtida contagem de 1.000 ppm, nível máximo de alcance do aparelho medidor. Sem a presença do ar-condicionado, esse nível foi zero. Em comparação com um veículo de estrutura original preservada, mesmo medindo diretamente na saída do escapamento esse nível é de 30 a 40 ppm.

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