MPF confirma descumprimento judicial sobre Casa de Passagem indígena

Local adequado deveria ter sido construído no Tisac em 2019

O Ministério Público Federal (MPF) constatou nesta quinta-feira (3), em inspeção judicial realizada no alojamento provisório de indígenas no inativo Terminal de Integração do Saco dos Limões (Tisac), o descumprimento do  termo de compromisso assinado em outubro de 2018 pela Prefeitura de Florianópolis, em Santa Catarina, além de ordem judicial de junho de 2021 no mesmo sentido.

foto de lado do terminal com algumas pessoas circulando
Terminal do Saco dos Limões é o local onde os indígenas se instalam durante a temporada para vender artesanato na Capital – Foto: MPF/Divulgação

No acordo, a prefeitura comprometeu-se a construir uma Casa de Passagem para os Indígenas no terreno da União ao lado do Tisac. No entanto, não foi constatada nenhuma ação efetiva para a execução do projeto nem providências que possibilitem a utilização adequada da estrutura do Tisac pelos indígenas. Atualmente, eles ocupam o terminal sem estrutura adequada, em barracas de lona sem ventilação, com dois banheiros químicos para toda a comunidade, um local para banho frio e falta de iluminação. Um tanque de lavar roupas é compartilhado por todos, inclusive para limpeza de utensílios domésticos.

Por quê a casa de passagem?

Historicamente, indígenas das etnias Kaingang e Xokleng, dos três estados do Sul deslocam-se até Florianópolis no verão para vender sua produção de artesanato. Na cidade, ficam em locais improvisados. Em 2016, o MPF ajuizou ação civil pública contra a União, a Funai e o Município de Florianópolis, requerendo a construção de uma casa de passagem para esses grupos e, provisoriamente, sua alocação, já naquele verão, no desativado Tisac.

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A sentença da Justiça Federal, em setembro de 2017, acatou os pedidos e ainda determinou a criação de um grupo de trabalho, a ser fiscalizado pelo MPF, para definir os critérios técnicos e tradicionais necessários à construção da Casa de Passagem.

Como resultado, foi firmado Termo de Compromisso no qual o município assumiu a obrigação de disponibilizar estruturas provisórias na temporada 2018/2019 no local do Tisac, e iniciar a implantação da Casa de Passagem definitiva ainda em 2019 – em terreno cedido pela União ao lado do abrigo provisório. A prefeitura não cumpriu o compromisso e ainda permitiu que o Tisac fosse utilizado como depósito de lixo, no ano de 2020.

Para o MPF, a postura da Prefeitura de Florianópolis revela a discriminação com que são tratados os indígenas: “eles ainda permanecem no Tisac porque a Prefeitura não cumpre os compromissos assumidos. A Casa de Passagem já deveria ter sido construída em 2019”.

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